terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Geólogo que liderou descoberta do pré-sal pede bloqueio do pagamento de dividendos da Petrobrás

 Segundo Guilherme Estrella, distribuição é "totalmente atípica e desproporcionalmente maior que as distribuições de dividendos feitas por todas as grandes petroleiras do mundo"

(Foto: ABR)

Sputnik Brasil - O geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de exploração e produção da Petrobras e um dos responsáveis pelo descobrimento dos poços de petróleo do pré-sal, solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio do pagamento de R$ 21,99 bilhões em dividendos pela empresa a acionistas.

Conforme noticiou o jornal O Globo, o pedido foi inicialmente negado pelo ministro Augusto Nardes, que pediu informações à companhia e posteriormente se afastou do tribunal. Agora Estrella cobra que o presidente do TCU, Bruno Dantas, tome uma medida.

Segundo o geólogo, a distribuição de dividendos feita pela Petrobras é "totalmente atípica e desproporcionalmente maior que as distribuições de dividendos feitas por todas as grandes petroleiras do mundo, sejam elas estatais ou estritamente privadas".

"Esta distribuição de dividendos não atende ao melhor interesse da empresa (mesmo que se tratasse de empresa totalmente privada) e menos ainda ao fim público que inspirou sua criação. Trata-se de um verdadeiro abuso de poder de controle que, nesse caso, por agradar também aos acionistas privados, acabou sendo perpetrado sem qualquer questionamento."

Em live realizada em maio de 2022, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da Petrobras, defendeu que a empresa pague menos dividendos. O parlamentar quer que a empresa invista recursos antes de repassar diretamente aos acionistas.

Felipe Campos Cauby Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), disse em entrevista à Sputnik Brasil em novembro que "as distribuições de dividendos promovidas pela direção da Petrobras em 2021 e 2022 são insustentáveis".

O engenheiro apontou que elas foram possíveis graças à "redução dos investimentos, níveis insuficientes para manter reservas e a produção de petróleo; e vendas de ativos rentáveis e estratégicos, além dos preços do petróleo conjunturalmente altos".

Em 2022, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a distribuição de dividendos de R$ 43,7 bilhões a acionistas, pagos em duas parcelas: uma em dezembro e a outra em janeiro de 2023.

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