O que iria para o lixo, na maior parte das vezes sem ser reciclado, se transformou em alimento na mesa de 13 mil famílias. O Programa Feira Verde, implantado em maio deste ano pela Prefeitura, vem contribuindo para ampliar a cultura da reciclagem, da segurança alimentar e da sustentabilidade nos bairros.
A garrafa pet – que alguma vezes acaba parando na rua – tem junto com outros materiais gerado números robustos de reciclagem. Ao todo, o Programa Feira Verde recolheu em quase sete meses 121 toneladas de materiais recicláveis. “A gente percebe que os bairros por onde passa o Feira Verde estão mais limpos. A gente enxerga com freqüência mães e crianças percorrendo terrenos baldios em busca de recicláveis, contribuindo com a limpeza do bairro e com o meio ambiente”, pontua o vereador Rodrigo Lievore, que sugeriu a criação do programa ao prefeito Junior da Femac.
Por outro lado, a população – especialmente a mais carente – vem sendo pressionada com a alta do preço nos alimentos, especialmente de hortifrutigranjeiros. “Foi exatamente a contrapartida que oferecemos. Durante o programa, disponibilizamos uma cesta com cerca de 30 itens, entre frutas, verduras, legumes e produtos da agricultura familiar. Eram alimentos que muitas famílias não tinham condições financeiras para comprar e passaram a ter acesso, garantindo alimentos frescos e saudáveis na mesa”, assinala o prefeito Junior da Femac.
Na outra ponta, estão os agricultores familiares que, ao produzirem alimentos saudáveis, ganharam a garantia de compra dos seus produtos pela Prefeitura. “O Município já adquiria alimentos dos agricultores, destinados ao programa de merenda escolar e a entidades sociais. O Feira Verde é mais uma possibilidade que se abriu para a comercialização dos produtos”, avalia Gérson Canuto, secretário municipal de Agricultura.
O programa também tem importante alcance social, na medida que gera renda aos cerca de 70 trabalhadores da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Apucarana (Cocap). Na média, estão sendo realizadas cinco edições por semana do programa e, em cada uma delas, um caminhão da Cocap está presente. “Todo o material trazido pela população, como papel, papelão e plástico, é pesado e se constitui em moeda de troca, tanto para os moradores que recebem alimentos neste intercâmbio como para os cooperados da Cocap que conseguem aumentar a sua renda”, avalia Antônio Roberto Nogueira, administrador da Cocap.
O Feira Verde vem promovendo uma mudança de hábito na população. Nogueira conta que antes do programa os caminhões da Cocap voltavam de alguns bairros praticamente vazios e agora o caminhão vem lotado de material. “As pessoas já se acostumaram a separar o lixo em casa e aguardar pelo retorno do Feira Verde, mostrando que o modelo de troca do reciclável pelo hortifruti veio para ficar”, reforça Nogueira. No Residencial Solo Sagrado onde ocorreu a edição de lançamento, por exemplo, o Feira Verde já voltou seis vezes, resultando numa média de um retorno por mês.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – Conforme assinala Junior da Femac, o Programa Feira Verde, na prática, contempla várias ações previstas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos como metas até o ano de 2030 pelas Nações Unidas.
Entre eles, o prefeito cita os seguintes objetivos: “Fome Zero e Agricultura Sustentável”, “Erradicação da Pobreza”, “Redução de Desigualdades”, “Parcerias e Meios de Implementação”, “Ação Contra a Mudança Global do Clima” e “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, além de outros.
O secretário de Meio Ambiente, Gentil Pereira, reforça que o programa promove a sustentabilidade e a cidadania. “É uma ação voluntária e a adesão foi surpreendente. As pessoas querem participar do programa e já se habituaram a fazer a reciclagem em casa, garantindo desta forma que toneladas de lixo sejam retiradas do meio ambiente e tenham uma destinação correta”, frisa Pereira.
CUNHO PEDAGÓGICO – A mobilização das famílias para cada edição do Feira Verde é feito principalmente através das escolas. Amanda Tavares, diretora da Escola Municipal Papa João XXIII, durante realização do Feira Verde na Vila Regina, reiterou o cunho pedagógico do programa. “Fazemos a mobilização da comunidade através dos alunos, informando por meio de bilhete na agenda e dos grupos de whatsapp. Pedimos para os estudantes conscientizarem seus familiares, falando sobre a importância da correta destinação, fazendo a reciclagem do lixo e trazendo para a troca por hortifrutigranjeiros”, contou Amanda.
O programa também chamou a atenção de conselheiros estaduais e municipais de Segurança Alimentar e Nutricional, que em meados deste ano conheceram in loco a iniciativa. “Antes, era mais fácil adquirir hortifrutigranjeiros. Atualmente, com a inflação, são alimentos que ficaram mais caros, enquanto os alimentos inapropriados são mais baratos. Outro aspecto importante é que por meio do Feira Verde a pessoa não precisa ir a um lugar, mas têm acesso a esses alimentos saudáveis no próprio bairro”, afirma David de Brito, presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional.
ALIMENTOS FRESCOS E SAUDÁVEIS – Edeson Martins, que coordena o recebimento dos produtos junto aos agricultores familiares, afirma o Município adquire mais de 30 itens. “No entanto, a composição da cesta que preparamos para entregar às famílias varia bastante e depende da época do ano. Toda semana procuramos trazer uma novidade. Lembro de um dia em que na cesta havia uma caixinha de uva e esse era o grande desejo de uma criança que foi acompanhada da mãe. Ver a alegria da criança levando a uva para casa foi extremamente compensador”, relata.
Martins afirma que o programa possui uma logística garantindo que os produtos cheguem frescos para as famílias. “Os hortifruti são fornecidos por agricultores familiares um dia antes da feira acontecer no bairro. Os produtos são entregues na parte da manhã, à tarde nossa equipe faz a separação das sacolas, à noite eles são conservados na câmara fria e no outro dia eles são repassados às famílias”, explica.
Martins afirma que o programa encerrou as atividades de 2022 e retomará normalmente a agenda de visitas aos bairros no começo de janeiro. “Vamos aproveitar esse período para fazer a manutenção de equipamentos e veículos utilizados no programa”, informa.
NÚMEROS DO FEIRA VERDE
– 12.952 famílias atendidas
– 121 toneladas de materiais recicláveis recolhidos
– 147 feiras realizadas
– 63 regiões atendidas
– Mais de 30 itens diferentes de hortifruti distribuídos
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