Mário César Fonseca da Silva, de 48 anos, registrou boletim de ocorrência e agora busca imagens de câmeras de segurança para comprovar as tentativas de agressão do bolsonarista
Por Laís Gouveia, 247 - O que era pra ser apenas uma viagem corriqueira num carro de aplicativo transformou-se em momentos de pânico para o advogado Mário César Fonseca da Silva, de 48 anos, na cidade de Campo Grande (MS).
Portando uma máscara de proteção contra a Covid-19 uma camisa com a imagem do ex-presidente Lula, Mário embarcou no último sábado (8) em sua casa rumo a reunião de um sindicato e foi imediatamente abordado pelo motorista identificado como Marcelo Bento de Jesus.
“Ele se incomodou com o uso da máscara. A pandemia ainda não acabou totalmente e minha mãe de 77 anos mora comigo”. Mário também relatou que já conversou com outros eleitores do atual presidente e, em nenhuma das vezes, houve episódio de ameaça ou violência.
Durante a corrida, o advogado disse que o motorista escutou barulhos no pneu e desceu com o estilete em mãos. Ele lembra que inclusive o ajudou o motorista a tirar um parafuso pequeno que havia em um dos pneus. Segundo o registro policial, durante prosseguimento da corrida, o motorista continuou a indagar sobre política, perguntou onde o advogado ia e disse: “sindicato é tudo de esquerda”.
O advogado relata que em nenhum momento, ofendeu, retrucou as conversas e diz que inclusive falava pelo WhatsApp ao celular, para tentar se desviar das conversas. Na metade do caminho, o motorista perguntou se tinha como Mário efetuar o pagamento com um Pix.
O passageiro então depositou o valor de R$ 22,00 e mostrou o comprovante. O motorista então falou, “22 de Bolsonaro”. “Se fosse 13 seria mais barato”, disse em tom de brincadeira.
O condutor então se exaltou e disse: “vocês de sindicato são tudo vagabundo, vocês defendem bandido, desce do meu carro”, gritou. “Ele partiu para cima de mim com o estilete e eu consegui me esquivar”, lembra. O advogado conta que correu, pediu socorro e foi acolhido por uma família na região e o motorista não foi mais visto.
Além do boletim de ocorrência, Mário também entrou em contato com a empresa responsável e a polícia irá analisar imagens de câmeras próximas ao ocorrido. O caso foi registrado como ameaça na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro. A reportagem também entrou em contato com a empresa em relação aos fatos denunciados à polícia.
Ao 247, Mário desabafou: “Vivi um momento horroroso. A violência bolsonarista chegou até mim, desta vez pior que a diariamente feita nas redes, mas, felizmente, sem desfecho mais grave. O fato de não ter caído na escalada de provocações do bolsonarista provavelmente o irritou até agir com grave ameaça à minha pessoa, conforme relato no vídeo (imagens abaixo). Porém, talvez tenha também me ajudado a escapar do que poderia ser pior. Fiz a denúncia ao aplicativo e já fui informado de que o agressor se encontra bloqueado no InDrive. Registrei o Boletim de Ocorrência perante a autoridade policial ontem. O momento exige amplitude, serenidade e cuidado. No entanto, não podemos deixar que o medo nos domine ao ponto de nos roubar a coragem necessária para enfrentar e derrotar o nazifascistas”.
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