"Ninguém que ganhe a eleição mentindo conseguirá governar esse país com seriedade", afirmou
BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste sábado o volume de fake news de que é alvo e afirmou que não é possível para um governante tocar um país se a vitória eleitoral ocorrer a partir de mentiras.
Em entrevista coletiva em Campinas (SP), Lula afirmou que o departamento jurídico de sua campanha tem acionado a Justiça Eleitoral para "evitar ao máximo a sandice que nosso adversário faz". Lula disputa o segundo turno com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
"Ninguém que ganhe a eleição mentindo conseguirá governar esse país com seriedade. Você vira vítima da mentira que você contou. Você fica sofrendo por conta da tua irresponsabilidade", disse o ex-presidente, questionado se medidas tomadas pela Justiça Eleitoral e rede sociais têm sido suficientes para conter o aumento de fake news, muitas delas verbalizadas por seu adversário.
"Vamos acionar a Justiça cada vez mais", disse Lula, referindo-se às notícias falsas contra ele.
Na sexta-feira, a coligação do ex-presidente informou ter ingressado com pedido de providências ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que determine ao Twitter a retirada de publicações de fake news contra a candidatura do petista.
No pedido, a coligação argumenta que o Twitter não tem atuado da forma como se comprometeu quando assinou memorando de entendimento com a Justiça Eleitoral para o combate à propagação de notícias falsas. Aponta ainda que a plataforma tem os meios técnicos para identificar e mapear as contas propagadoras das fake news.
A peça jurídica lista, ainda, uma série de perfis que propagam fake news, como os de dos filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, da deputada Carla Zambelli (PL-SP), o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal eleito Ricardo Salles (PL-SP), e o também deputado federal eleito Delegado Ramagem (PL-RJ), entre outros.
A propagação de fake news a partir de uma rede organizada também é investigada em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF).
MURO DA LAMENTAÇÃO
Na entrevista a jornalistas deste sábado, Lula também acusou Bolsonaro de se utilizar da máquina pública para se reeleger e disse estar pronto, ao lado do vice em sua chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin, para "tirar esse país do muro da lamentação em que está".
Questionado sobre o encontro com economistas na próxima semana, muitos deles idealizadores do Plano Real, o ex-presidente disse estar conversando com autoridades e personalidades que não votavam nele em disputas anteriores. Lula também deve se reunir nos próximos dias com lideranças no PSDB, partido com o qual rivalizou em eleições passadas. A legenda liberou o posicionamento dos diretórios sem indicar preferência pelo segundo turno.
Segundo ele, isso ocorre porque as pessoas identificariam em sua candidatura a "possibilidade de recuperar a democracia" do Brasil, apesar de eventuais discordâncias políticas, econômicas ou ideológicas. O petista relatou ainda que sua conversa, na véspera, com o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso foi "extraordinária". FHC declarou apoio a Lula na quarta-feira.
"Estamos recebendo apoio de todos aqueles que são democratas", disse Lula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário