Jornal brinca mais uma vez com o Brasil à beira do precipício
247 – O jornal Folha de S. Paulo, que apoiou a ditadura militar de 1964 e hoje tem um de seus principais negócios, o Datafolha, ameaçados por um governo de extrema-direita, afirma em editorial publicado na sua primeira página que o projeto de Jair Bolsonaro é se tornar um ditador no Brasil. A despeito disso, o jornal não declara apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entregou ao Brasil o maior ciclo de prosperidade capitalista da nossa história e que formou uma gigantesca frente ampla democrática.
"Nunca foi tão avassaladora a maioria de brasileiros que consideram a democracia a melhor forma de governo, de 79% segundo o Datafolha. Nunca na Nova República um presidente ameaçou a estabilidade constitucional como o atual mandatário. Jair Bolsonaro (PL) valeu-se do cargo para constranger e ameaçar Poderes independentes, insultar autoridades e propagar uma farsa contra o sistema eleitoral diante de brasileiros e estrangeiros. Promoveu tratamentos ineficazes de uma doença letal, retardou a aquisição de vacinas, debochou de famílias enlutadas, protegeu os filhos de investigações e atiçou militares contra o poder civil", escreve a Folha.
"Esperar que o próprio candidato à recondução tenha compreendido e acatado os limites do mandato seria pouco realista diante do que se vê desde 2019. É melhor trabalhar com a hipótese corroborada pela experiência —tornar-se autocrata é o verdadeiro programa de governo de Jair Bolsonaro para um eventual segundo mandato. A ameaça do arbítrio é nova apenas em aspectos acessórios, como no uso intensivo de redes sociais para disseminar ignorância, culto ao chefe e ordens de ataque. No mais, obedece ao roteiro de conhecidos movimentos subversivos da história", acrescenta o editorialista.
"As instituições republicanas deram seguidas demonstrações de solidez ao impedir a deriva autoritária nos últimos quatro anos. Estarão prontas, haja vista a inequívoca convicção democrática da população, para um novo período de bloqueio das investidas tirânicas caso a maioria do eleitorado brasileiro soberanamente decida pela reeleição", finaliza o autor.
Ou seja: a Folha diz que Bolsonaro quer ser ditador, mas aposta que as instituições poderão contê-lo. Na prática, a Folha lava as mãos diante de um potencial ditador. Talvez porque seu foco seja a privatização da Petrobrás – e não a defesa da democracia.
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