terça-feira, 11 de outubro de 2022

Desesperado, Bolsonaro mente na TV e diz que Lula é mais votado em cadeias

 Jair Bolsonaro citou o empresário Abílio Diniz e um presídio em SP na tentativa de associar o ex-presidente à criminalidade. O petista lidera todas as pesquisas

Presidio de Tremembé, Abílio Diniz (círculo, embaixo à esq.), Jair Bolsonaro (círculo, à dir.) e Luiz Inácio Lula da Silva em discurso (Foto: Reprodução | REUTERS/Ueslei Marcelino)


247 - A campanha de Jair Bolsonaro (PL) usou nesta terça-feira (11), em horário eleitoral, um suposto relatório de urnas do Presídio de Tremembé, em São Paulo, para dizer que o candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado entre presidiários no Brasil. Mas não foi apresentado um documento oficial com os votos de todas as cadeias do País, de acordo com a Folha de S.Paulo

A Constituição Federal prevê o direito ao voto para o preso sem sentença final. Apenas a condenação criminal definitiva suspende os direitos políticos de quem está em cadeia.

Na propaganda desta terça, a campanha bolsonarista mostrou uma fala editada em que Lula teria citado uma conversa com os sequestradores do empresário Abílio Diniz. 

Em outro trecho, o petista afirmou que não pode ver jovem "assassinado pela polícia, às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular".

Ao londo do seu governo, Bolsonaro foi alvo de mais de 140 pedidos pedidos de impeachment. Também foi o primeiro ocupante do Planalto a perder uma eleição em primeiro turno desde que a reeleição foi aprovada, em 1997 (veja os números no final da matéria).

Sequestro e a versão de Lula

Acionista do Carrefour atualmente, o empresário Abílio Diniz, que fazia parte do Pão de Açúcar, foi sequestrado em 11 de dezembro de 1989 no Jardim Europa, bairro da Zona Oeste da capital paulista. Ficou seis dias em um cativeiro na zona Sul da cidade e foi resgatado com vida. A polícia prendeu os dez sequestradores. 

Em 17 de junho deste ano (2022), o ex-presidente Lula falava sobre sua amizade com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que, na época do sequestro, era ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A declaração do petista foi publicada em matéria do jornal O Estado de S.Paulo, publicada em 21 de junho.

"Fui conversar com FHC porque eles estavam em greve de fome e iam entrar em greve seca (sem comer e sem beber), e aí a morte seria certa (...) Falei: Fernando, você tem a chance de passar para a História como democrata, ou como um presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morram na cadeia, e isso não vai apagar nunca", afirmou Lula. "Fui na cadeia no dia 31 de dezembro conversar com os meninos e falei: ‘vocês vão ter que garantir para mim que vão acabar com a greve de fome agora’. Eles aceitaram a proposta, pararam a greve de fome e foram soltos", acrescentou.

Os sequestradores não ficaram em liberdade e foram transferidos para cumprir a pena em seus países de origem. Cinco dos criminosos eram chilenos, dois canadenses, dois argentinos e um brasileiro.

Intenções de voto

Na pesquisa Ipespe, divulgada nesta terça-feira (11), o ex-presidente apareceu  com 54% dos votos válidos, contra 46% de Bolsonaro. Segundo os números, a maioria dos votos dos presidenciáveis derrotados Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) foi para o ex-presidente. 

Outro instituto, o Ipec, divulgou números nessa segunda-feira (10) e também mostrou Lula na primeira posição, com 55% dos votos válidos. Bolsonaro teve 45%.

No País, Lula teve 48% dos votos válidos (57,2 milhões) no primeiro turno da eleição, contra 43% (51 milhões) de Bolsonaro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário