sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Ex-funcionário afirma que primeira mansão de Bolsonaro na Barra da Tijuca foi comprada com "dinheiro por fora"

 "Sempre tem um por fora, né?", teria dito a ex-esposa de Bolsonaro a Marcelo Nogueira. 'Foi dado em dinheiro vivo por trás', relata o ex-funcionário

Ana Cristina Siqueira Valle e Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR | Reprodução/Globo)

247 - Ex-funcionário da família de Jair Bolsonaro (PL), Marcelo Nogueira contou a Juliana Dal Piva e Thiago Herdy, do UOL, que a ex-esposa de Bolsonaro Ana Cristina Siqueira Valle lhe confidenciou que a primeira casa onde o casal morou na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, foi comprada com "dinheiro por fora". Ela nega as acusações.

Bolsonaro e Ana Cristina viveram no imóvel entre 2002 e 2007. A casa fica na rua Maurice Assuf, na zona Oeste da capital fluminense, e foi comprada em 22 de novembro de 2002. Morava no mesmo condomínio o ex-jogador de futebol Zico, ídolo do Flamengo. A mansão tinha dois pisos e piscina.


"Antes de formalizar a negociação, o antigo casal Bolsonaro fez uma escritura de promessa de compra e venda. Esse documento foi lavrado no 24º Ofício de Notas em 19 de agosto de 2002. Nessa escritura, ficou descrito que a venda da mansão foi negociada por um valor de R$ 500 mil. No entanto, o imóvel, à época, tinha valor de avaliação para cálculo de imposto no total de R$ 874,1 mil. Ou seja, o negócio saiu com um desconto de 43%. Segundo o acerto de Cristina e Jair com os antigos proprietários, R$ 160 mil foram quitados com um cheque, entregue no ato da compra da mansão, e outros R$ 250 mil deveriam ser pagos até o dia 19 de dezembro de 2002. O casal declarou ao cartório que havia pagado R$ 90 mil anteriormente, como sinal. Não ficou descrito no documento o modo do pagamento desse sinal. Nem foi informado posteriormente, quando a escritura de compra e venda foi formalizada após os R$ 250 mil terem sido quitados", detalha a reportagem.

Nogueira explicou que enquanto limpava a organizava o escritório na mansão, viu a escritura e se espantou com o valor, que estaria, na avaliação dele, abaixo dos padrões. Ele então comentou com Ana Cristina e ela teria respondido: "é que sempre tem um por fora, né?". 

"Quando ela comprou aquela casa da Barra, na época, por R$ 500 mil, na documentação. Só que foi mais. Que foi dado em dinheiro vivo, por trás", afirma o ex-funcionário.

Reportagem do UOL publicada nesta semana mostra que quase metade do patrimônio da família Bolsonaro em imóveis foi comprada com dinheiro vivo. Foram 51 imóveis pagos total ou parcialmente com dinheiro em espécie.

A prática não é ilegal e nem configura crime, mas é comumente utilizada para lavagem de dinheiro.

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