No dia de ontem, ele determinou buscas e apreensões e bloqueou contas de empresários bolsonaristas que defendem ditadura
247 – O ministro Alexandre de Moraes, que determinou ações dura contra empresários bolsonaristas que defendem golpe de estado no Brasil afirmou que o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral não podem ficar "na defensiva" diante de golpistas. "Em conversa com entidades da sociedade civil horas após a operação que autorizou contra empresários bolsonaristas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse que é preciso 'não ficar na defensiva' para proteger a democracia brasileira", informa o jornalista Fábio Zanini, na coluna Painel, da Folha de S. Paulo. "Temos uma democracia vibrante e não podemos ficar apenas reagindo a discursos golpistas", teria dito Moraes, segundo relato do jornalista. Saiba mais sobre o caso:
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira mandados de busca e apreensão contra oito empresários, dentre eles José Isaac Peres, CEO da Multiplan, que participavam de um grupo de WhatsApp que pregava um golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro, informaram duas fontes à Reuters.
Sem identificar os alvos, a PF informou em nota que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou mandados a serem cumpridos nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
A operação foi decretada no âmbito do inquérito no Supremo que apura o financiamento a atos inconstitucionais, que tem Moraes como relator, segundo uma das fontes com conhecimento da ação. Moraes também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e alvo de constantes ataques do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que já chamou o ministro de "canalha", e de aliados dele.
A ação abalou uma frágil aproximação entre Moraes e Bolsonaro apenas um dia após o presidente falar em pacificação. A campanha do candidato à reeleição avaliou que há risco de acirramento nas ações de apoiadores, enquanto há quem aponte um "caráter didático" da decisão.
A revelação de que empresários bolsonaristas estariam defendendo uma ruptura institucional foi feita na semana passada em reportagem do site Metrópoles.
Os alvos da operação da PF, segundo as fontes, além de Peres, são Meyer Nigri, presidente do conselho de administração da Tecnisa; Luciano Hang, fundador da Havan; Afrânio Barreira Filho, fundador do Coco Bambu; Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia; José Koury, dono do Barra World Shopping; Marco Aurélio Raymundo, fundador da Mormaii; e Luiz André Tissot, fundador da loja de Móveis Sierra.
Em sua conta no Twitter, Luciano Hang disse que foi "tratado novamente como um bandido!".
"Eu nunca falei sobre golpe, minha fala em determinado grupo de WhatsApp foi a seguinte: 'Mais 4 anos de Bolsonaro, mais 8 de Tarcísio e aí não terá mais espaço para esses vagabundos', me referindo aos maus políticos deste país", afirmou, dizendo que sempre defendeu a democracia, a liberdade de expressão e de opinião.
A construtora Tecnisa, fundada por Nigri e na qual ele é presidente do Conselho de Administração, disse em nota ser uma empresa "apartidária, que defende os valores democráticos e cujos posicionamentos institucionais se restringem à sua atuação empresarial".
Afrânio Barreira Filho disse, também em nota, que está "absolutamente tranquilo" por ter se manifestado sobre o assunto no grupo apenas por meio de um "emoji sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor".
Procurada, a operadora de shoppings de alta renda Multiplan, da qual Peres é presidente, não respondeu imediatamente a pedido de comentários.
A defesa de Raymundo, da Mormaii, confirmou que o empresário foi contatado na manhã desta terça pela Polícia Federal. "Ainda desconhecemos o inteiro teor do inquérito, mas ele imediatamente se colocou e segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos", disse a defesa.
A Reuters ainda não conseguiu contato com os demais empresários.
CRÍTICAS
Dois filhos de Bolsonaro criticaram nas redes sociais a operação, sem citar nominalmente o ministro Alexandre de Moraes.
"É insano determinar busca e apreensão sobre empresários honestos, que geram milhares de empregos, alguns conhecidos de ministros do STF (que sabidamente jamais tramariam ´golpe´ nenhum) por dizerem que preferem qualquer coisa ao ex-presidiário, numa conversa privada de WhatsApp", disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), um dos coordenadores da campanha à reeleição do pai, no Twitter.
Flávio questionou se a operação é contra ou a favor da democracia. "Agora está sendo contra uma pessoa do seu lado, amanhã será contra você, seja empresário, empregado, parlamentar, jornalista...", afirmou. "Conheço empresários com medo de se posicionarem nessas eleições. Que isso os una, pelo bem do Brasil!", reforçou.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que é escrivão licenciado da Polícia Federal, queixou-se também no Twitter, dizendo que a operação seria um "ataque à democracia em plena campanha eleitoral", uma "censura".
"PF em casa devido a mensagens de zap?! Qual crime?", questionou. "É operação claramente para intimidar qualquer figura notória de se posicionar politicamente a favor de Bolsonaro ou contra a esquerda", avaliou.
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