Com ataque a religiões de matriz africana, o objetivo é descredibilizar a imagem de Lula, por meio de sua esposa, mediante o eleitorado feminino e evangélico
247 - Os estrategistas da campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL) avaliam associar o preconceito contra religiões de matriz africana à socióloga Rosângela da Silva, a Janja, para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem é casada. Um dos focos é influenciar o voto do eleitorado evangélico, mais especificamente o das mulheres.
De acordo com a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a avaliação do núcleo da campanha bolsonarista é de que “todas as evidências da religiosidade do ex-presidente podem ser afetadas com a narrativa de que, apesar de suas reiteradas manifestações públicas ligadas ao universo cristão, a mulher, em casa, se dedica a rituais de ‘macumba’".
Na terça-feira (9), a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, fez um ataque nesta direção ao compartilhar um vídeo em que Lula participa de um encontro com representantes de religiões afro-brasileiras afirmando que o petista "entregou sua alma para vencer essa eleição".
Após a publicação, Janja foi às redes sociais e rebateu o preconceito de Michelle Bolsonaro. "Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios", postou no Twitter.
Ainda segundo a reportagem, a ideia de usar o preconceito religioso teve como base uma foto das redes sociais em que “Janja aparece de branco ao lado de imagens como a de Xangô, um dos orixás da Umbanda e do Candomblé. Ao postar a imagem no Twitter, ela escreveu: 'Saudades de vestir branco e girar, girar, girar...'". A avaliação do QG da campanha bolsonarista é que “a imagem tem o potencial de desgastar Lula no eleitorado evangélico”.
Segundo o Datafolha, Lula possui 48% das intenções de voto do eleitorado evangélico masculino, contra 28% de Jair Bolsonaro. Já entre o eleitorado feminino deste segmento, a situação é de empate técnico, uma vez que Bolsonaro registra 29% e Lula 25%. Outras 34%, porém, ainda não definiram em quem irão votar no pleito de outubro.
A pesquisa Datafolha foi realizada de forma presencial com 2.556 pessoas em 183 municípios entre os dias 27 e 28 de julho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa, encomendada pela Folha de S. Paulo, foi registrada no TSE sob o número BR-01192/2022.
Em postagem no Twitter, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) negou as informações da reportagem. "Informo que o assunto nunca foi tratado na campanha de Bolsonaro. Pode apagar que é fake news, 'tá ok!'".
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