Índice de confiança é de 79%, de acordo com pesquisa Datafolha
SÃO PAULO (Reuters) - A confiança dos eleitores nas urnas eletrônicas aumentou mesmo diante das constantes alegações falsas e questionamentos sem fundamento que o presidente Jair Bolsonaro (PL) faz para colocar sob suspeição o sistema eletrônico de votação, segundo pesquisa Datafolha publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com o trecho do levantamento sobre a confiança nas urnas, publicado no site do jornal no sábado, 47% afirmam confiar muito nas urnas eletrônicas e 32% disseram confiar um pouco, o que, de acordo com o instituto, confere um índice de credibilidade de 79% ao mecanismo de votação, adotado pela primeira vez em 1996.
Em maio, a última vez que o Datafolha indagou os eleitores sobre a confiança nas urnas, 42% diziam confiar muito nas urnas eletrônicas e 31% declararam confiar um pouco, um índice de credibilidade de 73%.
Ainda de acordo com o instituto, 20% afirmaram não confiar nas urnas eletrônicas agora, contra 24% em maio.
O Datafolha ouviu 2.556 pessoas entre os dias 26 e 27 de julho em 183 cidades do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.
O aumento na confiança nas urnas apontado pelo instituto acontece em meio à intensificação dos ataques de Bolsonaro, que tentará a reeleição em outubro, ao sistema eletrônico de votação e à Justiça Eleitoral. Sem provas, o presidente afirma que houve fraude nas eleições de 2014 --vencida por Dilma Rousseff-- e 2018 -- em que ele próprio se elegeu.
Ao contrário do que afirma Bolsonaro, as urnas eletrônicas são auditáveis e desde sua adoção nas eleições brasileiras nunca houve comprovação de fraude.
Recentemente Bolsonaro fez uma reunião com embaixadores para repetir alegações falsas e sem comprovação em relação ao sistema eleitoral e para atacar os ministros do Supremo Tribuna Federal (STF) Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Fachin é o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo sucedido Barroso no posto. Moraes é relator no STF de ações que investigam aliados e pessoas próximas ao presidente e estará à frente do TSE durante as eleições.
AMEAÇAS À DEMOCRACIA
O Datafolha também perguntou aos eleitores sobre as insinuações que Bolsonaro faz com frequência de que pode buscar uma ruptura institucional.
O presidente, que é ex-capitão do Exército e nomeou um número sem precedentes de militares para cargos civis no governo, tem se recusado a responder se aceitaria uma derrota eleitoral, já ameaçou descumprir decisões judiciais e busca o tempo mostrar proximidade com as Forças Armadas, lembrando ser o comandante supremo dos militares.
De acordo com o Datafolha, 56% entendem que essas insinuações precisam ser levadas a sério, ao passo que 36% avaliam que essas declarações do presidente não terão consequência. Os mesmos índices foram registrados em maio, a última vez que o Datafolha indagou o eleitorado sobre este tema.
Ao mesmo tempo, 56% não acreditam em um golpe do presidente contra a democracia, ao passo que 37% acreditam que isso é uma possibilidade.
As declarações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas e o Judiciário e suas frequentes insinuações sobre uma ruptura institucional levaram nomes importantes do empresariado de bancos, indústria e serviços a aderirem a uma carta em defesa do Estado Democrático de Direito organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
A movimentação foi ironizada por Bolsonaro em suas redes sociais e, em declarações públicas, o presidente chamou o documento de "cartinha".
Nesta semana, o Datafolha publicou também pesquisa de intenção de voto sobre a corrida ao Palácio do Planalto que apontou vantagem folgada na liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com Bolsonaro em segundo. O levantamento também apontou eleição do petista em primeiro turno se a eleição fosse realizada agora.
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