segunda-feira, 4 de julho de 2022

Redução do ICMS prejudica Educação, ameaça obras em escolas e salários

 Promovida por Bolsonaro, a redução do ICMS pouco afeta o preço dos combustíveis e impacta diretamente nas políticas públicas dos estados e municípios

Bolsonaro e frentista abastecendo veículo (Foto: Reuters)


247 - Tratado por Jair Bolsonaro (PL) como o vilão responsável pela alta dos combustíveis e como a única saída para reverter o problema, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) tem papel central para o financiamento de políticas públicas nos estados e municípios.

Após forte pressão do governo federal - que teme perder votos por conta do caos econômico -, governadores reduziram o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações. A redução no preço dos combustíveis foi irrisória.

Por outro lado, a mudança atinge em cheio os cofres públicos. A diminuição do ICMS "pode tirar R$ 21 bilhões da educação pública de estados e municípios, segundo estimativas da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca)", informa o jornal O Globo.

A Escola Municipal Odilon Sena Cerqueira, no município de Várzea da Roça (BA), esperava ampliar os dias de aula integral para seus 423 alunos. Diante da mudança no ICMS promovida pelo governo Bolsonaro, o plano precisará ser adiado: "por enquanto, a escola tem aulas de reforço nos dias com tempo integral. A gente ia colocar aula de música e dança, mas dependendo de quanto dinheiro deixar de vir, vamos precisar cortar tudo", conta a secretária de Educação de Várzea da Roça, Vanda Rios.

O corte do imposto também ameaça o pagamento da folha salarial de servidores públicos, como exemplifica o prefeito de Aratuípe (BA), Professor Tone: "só conseguimos pagar a folha salarial por causa da complementação que a União dá ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Se o fundo ou a complementação caírem (o que acontecerá com o teto do ICMS), não temos como pagar".

A lei aprovada no Congresso Nacional a toque de caixa por pressão de Bolsonaro limita a 17% ou 18% a incidência de ICMS sobre combustíveis. Alguns estados chegavam a cobrar até 32% sobre determinados tipos de combustíveis.

O ex-presidente Lula (PT), antes mesmo da aprovação da redução do ICMS, já previa os danos da mudança: "o aumento da gasolina ao preço internacional foi uma canetada do Pedro Parente, presidente da Petrobrás. O presidente [Jair Bolsonaro] se tivesse coragem, se não fosse um fanfarrão, já teria feito isso [abrasileirado o preço]. Ao mexer no ICMS os municípios vão perder dinheiro, e os municípios perdendo dinheiro a educação vai perder dinheiro, a saúde vai perder dinheiro. Quando você reduz o ICMS você reduz o dinheiro para os municípios. Então, para beneficiar as pessoas que têm carro, que não são a maioria, o presidente vai jogar o peso em toda a sociedade brasileira".

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