segunda-feira, 4 de julho de 2022

Em carta, intelectuais do Rio apelam por “gesto de grandeza” de Molon para selar aliança PT-PSB

 Acordo entre os partidos prevê que Marcelo Freixo (PSB) receba o apoio do PT ao governo desde que a candidatura ao Senado seja indicação petista

Molon diz que apoiar Ciro é a maior contribuição que PSB pode dar ao país (Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado)

247 - Um grupo de intelectuais do Rio de Janeiro, atuantes da cultura, das ciências humanas e do direito, assina uma carta pública endereçada ao deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), pré-candidato ao Senado, em que avalia que sua postulação “seria a ruptura da frente ampla”, formada para derrotar o bolsonarismo no estado onde “o milicianato tem vencido e prosperado”.

No Rio, o acordo entre PT e PSB prevê a candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do estado, com a indicação petista para o Senado na chapa. O PT já apresentou o nome de André Ceciliano, mas Alessandro Molon, também do PSB, não retirou sua pré-candidatura ao mesmo cargo, o que impede a conclusão da aliança. 

A carta a Molon observa que é a primeira vez em décadas que a esquerda tem um candidato efetivamente competitivo. “Nada justificaria colocar em risco a unidade, essa conquista extraordinária, que nos oferece a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador”, diz o texto. “Um gesto de grandeza de sua parte, selando definitivamente a grande unidade pela democracia, corresponderia a um passo decisivo em direção à vitória que seria também sua, porque não se cumpriria sem seu protagonismo lúcido, solidário e generoso”, apelam os signatários.

Apoiam a iniciativa Heloísa Buarque de Hollanda, escritora, professora e crítica literária; Luiz Eduardo Soares, antropólogo e professor da UFRJ; Maria Augusta Ramos, cineasta e documentarista; Flora Sussekind, crítica literária; Otavio Velho, ex-presidente da ANPOCS e da ABA, membro da academia de ciência; Renato Lessa, filósofo político e ex-presidente da Biblioteca Nacional; economistas (Mauro Osório, Agostinho Guerreiro e Luiz Mello), historiadoras (Dulce Pandolfi e Jessie Jane); sociólogas (Julita Lemgruber e Liszt Vieira), além de poetas e juristas

Confira a íntegra do documento:

Carta aberta ao Deputado Alessandro Molon,

Presidente Estadual do PSB.

Rio de Janeiro, 2 de julho de 2022

Prezado Molon,

Sua trajetória, marcada por compromissos inegociáveis com a ética, a transparência e o Estado democrático de direito, honra o Parlamento brasileiro e enche de orgulho seus eleitores. Somos admiradores e admiradoras de sua defesa corajosa e incansável do meio ambiente, das sociedades originárias e dos direitos humanos, assim como de sua luta contra a violência do Estado, o racismo e as desigualdades.

Pois agora, ante as ameaças do bolsonarismo ao que nos resta de democracia, seu papel será ainda mais indispensável. No estado do Rio de Janeiro, o ovo da serpente foi gestado. Aqui, o milicianato tem vencido e prosperado. E nesse momento, um candidato bolsonarista busca consolidar-se, tentando dividir as forças democráticas. Sim, porque, dessa vez, aprendemos com as derrotas e estamos unidos. Pela primeira vez em décadas, temos um candidato ao governo do estado efetivamente competitivo, Marcelo Freixo, graças aos esforços que diferentes partidos e movimentos sociais têm feito para superar divergências ideológicas e projetos pessoais. O potencial de nosso candidato, além de suas próprias virtudes, reside nessa unidade sem precedentes, da qual seu partido, o PSB, tem sido um dos artífices. Nada justificaria colocar em risco a unidade, essa conquista extraordinária, que nos oferece a oportunidade de alcançar uma vitória histórica, elegendo Lula presidente e Freixo governador.

Ocorre que, se o candidato ao governo é do PSB, ao outro partido deveria caber a indicação do candidato ao Senado. Portanto, a postulação de sua candidatura ao Senado, embora legal e legítima, e fundamentada em seus méritos indiscutíveis, coloca em risco a coalizão suprapartidária, o mais poderoso instrumento político que se logrou formar, em décadas. Temos certeza de que não é esse seu desejo. No entanto, a consequência objetiva de sua candidatura ao Senado seria a ruptura da frente ampla. Por isso, lhe dirigimos um apelo e o fazemos porque acreditamos em seu compromisso pela derrota do fascismo no Rio e no Brasil. Um gesto de grandeza de sua parte, selando definitivamente a grande unidade pela democracia, corresponderia a um passo decisivo em direção à vitória que seria também sua, porque não se cumpriria sem seu protagonismo lúcido, solidário e generoso. 

Liszt Vieira

Luiz Eduardo Soares

Miriam Krenzinger

Julita Lemgruber

Heloisa Buarque de Holanda

Mauro Osório

Ana Carolina Lima

Lili Raim

Pina Jr

Julio Souza Reis

Gisele Cittadino

Margarete Brito

Ítalo Moriconi

Sebastião Velasco e Cruz

Tite Borges

Luiz Antônio Carvalho

Sandra Tosta Faillace

Maria das Dores C. Machado

Charles Pessanha

Sylvia Tosta Faillace

Sandra Rebel Gomes

Otávio Velho

Renée Zicman

Octavio de Barros

Paulo Cezar Reis

Luiz Carlos Rodrigues Filho

Marcia Menezes Assis Gomes

Paulo Roberto Mello

Eliane Longo

Glauber Almeida

Luiz Mello

Renato Lessa

Jessie Jane Vieira de Sousa

Eva Doris Rosental

Lília Coelho de Sousa Santos

Viviane Furtado Matesco

Regina de Paula

Ana Luzia de Lima Cunha

Cristina Salgado

Maria Augusta Ramos

Valéria Pinheiro

Valéria Pereira da Silva

Luciano Tolla

Dulce Pandolfi

Agostinho Guerreiro

Maria Júlia Pinheiro

João Ricardo Wanderley Dornelle

Flora Sussekind

Luiz Taranto

Ari Roitman

Élvio Gaspar

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