"Vamos continuar fazendo concessões, mas compondo isso com obras públicas", afirmou a ex-ministra sobre um terceiro governo Lula
247 - Ex-ministra do Planejamento no governo Dilma Rousseff (PT), Miriam Belchior afirmou à Folha de S. Paulo que um eventual terceiro governo Lula (PT) continuará contando com concessões e investimentos privados, mas não deixará de também atuar como investidor.
Belchior, que é uma das formuladoras do programa de governo da chapa Lula-Alckmin (PT/PSB), afirmou acreditar no "mix" entre a iniciativa privada e o poder público. "Quando o Lula fala de um grande plano de investimentos, ele está falando principalmente de infraestrutura. [Se eleito] Em janeiro, ele chama governadores e prefeitos para discutir uma proposta de plano de investimentos, que tem certamente a lógica que a gente adotou no PAC e que compõe investimento público e investimento privado. Vamos continuar fazendo concessões nas áreas de rodovias, ferrovias, aeroportos, mas compondo isso com obras públicas. Não é a lógica de que só o investimento privado vai resolver nossos problemas".
"A concessão não vai parar, mas também não vai ficar igual, de jeito nenhum. Tem coisa que não para em pé para ser concedida. Tem regiões do país que não têm renda suficiente para tarifas de pedágio, por exemplo. Não adianta fazer uma concessão que você sabe que lá na frente não vai dar certo. Do nosso ponto de vista, muitas concessões na área de saneamento estão sendo feitas sem olhar o interesse nacional, só o privado. A gente sabe que a malha rodoviária precisa de investimento em manutenção. Com o teto [de gastos] o governo tem gastado pouquíssimo em manutenção de rodovias. Olhar o interesse nacional não é prioridade do atual governo", completou.
A ex-ministra negou que esteja sendo discutido o desmembramento do Ministério da Economia, mas criticou, sim, seu tamanho. "Ficou meio mastodôntico, e isso é discussão para governo de transição. Mas a estrutura organizacional para mim tem que refletir o que você quer fazer. É ter órgãos que são importantes para garantir políticas que se quer implantar".
Belchior inclusive citou a necessidade de uma "estrutura" focada no combate ao racismo. "A questão do racismo tem que ganhar uma enorme relevância. O tamanho da diferença dos direitos da população negra e não negra é muito grande. Acho que talvez seja importante ter uma estrutura para isso".
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