quinta-feira, 23 de junho de 2022

Procuradoria diz que ex-assessor do MEC ligado a pastores recebeu R$ 20 mil em propina

 Segundo o MPF, a "infiltração" de Luciano de Freitas Musse "nos quadros de servidores" do MEC "demonstra a sofisticação da atuação agressiva da Orcrim [organização criminosa]"

Ministério da Educação (MEC) (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

247 - O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quinta-feira (23) que o ex-assessor do Ministério da Educação (MEC) Luciano de Freitas Musse, preso nessa quarta, recebeu R$ 20 mil a pedido do pastor Arilton Moura, para intermediar um encontro do ex-ministro Milton Ribeiro com prefeitos. O pagamento de R$ 20 mil fazia parte de acerto, "a título de colaboração", na negociação de um evento com Milton Ribeiro na cidade de Nova Odessa (SP), realizado em agosto de 2021. Os pastores participaram da organização. Helder Bartolomeu recebeu outros R$ 30 mil, de acordo com informação publicada nesta quinta pelo jornal Folha de S.Paulo. A PF investiga um esquema de tráfico de influência e corrupção dentro do MEC. 

"A infiltração de Luciano nos quadros de servidores da pasta demonstra a sofisticação da atuação agressiva da Orcrim [organização criminosa], que indica desprezo à probidade administrativa e fé pública", disse a manifestação.

Musse fazia parte da comitiva dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, e foi nomeado por Ribeiro no MEC em abril de 2021. Ele também foi preso na operação da Polícia Federal de quarta-feira (22). Também foram detidos os dois pastores, o ex-ministro Milton Ribeiro e Helder Bartolomeu, ex-assessor na Prefeitura de Goiânia e genro de Arilton.

A PF iniciou as investigações após a divulgação de um áudio, em março, quando Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, liberava dinheiro do MEC por indicação de dois pastores, Arilton Moura e Gilmar Santos.

De acordo com relatos da PF ao Ministério Público Federal, "as camadas de atuação são perceptivas e individualizam perfeitamente as condutas, sendo o ex-ministro da Educação quem conferia prestígio da administração pública federal à atuação dos pastores Gilmar e Arilton".

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou nesta quinta-feira que apresentará o pedido de instalação da CPI do MEC na próxima terça-feira (28).

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