Guillermo Lasso enfatizou que a polícia e as Forças Armadas vão continuar a agir "através do uso progressivo da força" para "restaurar a ordem"
ARN - O presidente do Equador, Guillermo Lasso, falou este domingo (26) em rede nacional e anunciou uma redução de dez centavos por galão na gasolina extra, bem como no diesel, já que, como explicou, o preço do combustível "tornou-se a pedra angular” da greve por tempo indeterminado organizada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que começou há quase duas semanas.
O presidente disse que tomou essa medida para "pensar no bem comum e na paz cidadã", apesar de o governo ser "muito claro" que não é esse o fator que causa o problema dos equatorianos.
A rede nacional ocorreu ao mesmo tempo em que a Assembleia Nacional (parlamento) debate em plenário se deve destituir o presidente ou deixá-lo no cargo, devido aos conflitos que já duram 14 dias e que resultaram em centenas de feridos, cinco mortos e diversas denúncias de violações de direitos humanos.
Durante o breve discurso, Lasso não se referiu à sua situação na Assembleia Nacional, mas se concentrou nas acusações contra a liderança da Conaie, como vem fazendo desde o início do conflito.
Do seu ponto de vista, com os anúncios que fez na sexta-feira, boa parte "dos que se sentiram enganados por seus líderes" (referindo-se ao presidente da Conaie, Leônidas Iza), voltaram para suas comunidades. Além disso, disse que, apesar de no sábado ter revogado o estado de emergência que vigorava desde segunda-feira em cinco províncias, houve “mais atos de violência e terrorismo”.
“Para aqueles que não querem dialogar, não vamos insistir, mas também não podemos esperar para dar as respostas que nossos irmãos de todo o Equador anseiam. Assumimos o compromisso de resolver todos os pontos da agenda de nossos irmãos indígenas e camponeses com resultados reais para que os falsos líderes nunca mais os enganem”, comentou.
Lasso considerou que nestes 14 dias de manifestações o país foi vítima de “múltiplos atos de barbárie e sabotagem” e observou que nenhum deles “ficará impune”, pois todos serão levados à justiça. "Vamos fazer imediatamente as respectivas denúncias ao Ministério Público para que estes criminosos respondam perante a lei", comentou.
Sobre as ações nas ruas, o presidente disse que, para aqueles que continuarem a exercer a violência, a polícia e as Forças Armadas atuarão “através do uso progressivo da força para restabelecer a ordem e devolver aos cidadãos a tranquilidade”.
“Os equatorianos que buscam o diálogo encontrarão um governo de mão estendida, aqueles que buscam o caos, a violência e o terrorismo, toda a força da lei. Nós, equatorianos, devemos voltar à normalidade, devemos com otimismo e fé retornar ao caminho do progresso para todos”, concluiu.
Desde o dia 13 de junho, os manifestantes no Equador lutam contra os altos preços dos produtos de primeira necessidade, a precariedade dos hospitais públicos, os preços dos combustíveis, a ausência de créditos para promover a produção, a atenção ao setor agrícola e a privatização de empresas públicas.
As manifestações são convocadas pela Conaie e outros 53 grupos, que entenderam que o povo "deveria se levantar depois de esgotadas as instâncias de diálogo com o governo".
Neste domingo, o parlamento equatoriano continuava a debater uma moção apresentada pelo partido de oposição União pela Esperança (UNES), liderado pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que propõe a destituição do presidente devido à grave crise política e social.
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