"Não precisamos de tempo para aprender", afirmou o ex-presidente Lula no evento de lançamento das diretrizes de seu eventual futuro governo
"Vamos ter quatro anos de mandato. Não vamos ter problema de executar nosso programa. A gente não vai ter tempo de ficar filosofando. A gente vai ter, no primeiro mês de governo, que reconstruir nosso pacto federativo. Quero juntar os 27 governadores, quero saber o que eles têm de projeto de infraestrutura para que a gente não perca tempo. Dinheiro a gente vai arrumar. A gente vai primeiro ganhar para depois começar a administrar. Quem nesse país tem mais autoridade para recuperar esse país do que o Alckmin e eu? Pega a classe política brasileira, pega os partidos políticos. Ninguém nesse país tem, primeiro, os partidos apoiando que nós temos, o movimento social que nós temos, e segundo a experiência gerencial que nós temos para cuidar da coisa pública. Não precisamos de tempo para aprender. O que nós precisamos é apenas utilizar o tempo que temos para executar. E tudo isso que está aqui é possível ser cumprido", declarou.
O ex-presidente manifestou também gratidão a todos que estão apoiando sua aliança com Alckmin. "Tem coisas que acontecem na vida política que muitas vezes a gente não esperava. A nossa aliança, o fato de o Alckmin e eu estarmos juntos nessa disputa, é o grande fato novo da política brasileira. Eu jamais imaginei que a gente pudesse estar junto na campanha, acho que o Alckmin também jamais imaginou que a gente pudesse estar junto. E de repente a gente está junto. Essa aliança política nós devemos a vocês, aos companheiros que pertencem aos partidos políticos, ao movimento social, que em um primeiro momento estranharam, mas no segundo momento perceberam que era necessário a gente fazer essa aliança para a gente ter mais chance não apenas de ganhar as eleições, mas a chance de governar esse país. Governar é mais difícil que ganhar, sobretudo quando nós estamos com a tarefa de reconstruir".
Apesar de dizer que todas as diretrizes podem ser colocadas em prática, Lula ponderou, ao comparar o governo à construção de uma casa, onde mudanças precisam ser feitas ao longo do processo. "Se a gente está falando de reconstrução, a gente deveria comparar essas diretrizes com a construção de uma casa. Todo mundo sabe que a casa começa por um bom alicerce, se não qualquer vento derruba nossa casa. Isso aqui [as diretrizes] é apenas um alicerce. Vamos ter que construir a casa ao longo do tempo, ouvindo as pessoas através da plataforma, mas o mais importante é executar a política que nós quisermos se nós ganharmos as eleições.
Mesmo a lista de todo o 'material' que a gente colocou aqui para 'comprar', muitas vezes a gente não encontra. A gente vai ter que fazer mudança. A gente nem sempre pode fazer tudo. Em alguma coisa a gente vai poder mais, em alguma coisa a gente vai poder fazer menos. Essa é a arte de governar, com aquilo que você tem na mão e com aquilo que você tem capacidade de construir. Vamos ter que ter os tijolos dessa parede, que significa acabar com a fome outra vez nesse país, vamos ter que ter os tijolos, que significa aumentar o salário mínimo, e vamos ter que construir tijolo por tijolo, até chegar na cobertura da casa, que é o 'material' da soberania. Esse país precisa voltar a ser soberano, e um país não será soberano apenas porque cuida da sua fronteira. Um país será soberano quando seu povo for respeitado, quando seu povo tiver emprego, educação, salário, quando seu povo comer, tiver saúde, quando tiver conquistado uma cidadania digna".
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