terça-feira, 21 de junho de 2022

Lula: "quem tem mais autoridade para recuperar esse país do que o Alckmin e eu?"

 "Não precisamos de tempo para aprender", afirmou o ex-presidente Lula no evento de lançamento das diretrizes de seu eventual futuro governo

Lula (Foto: Reprodução/Youtube)


247 - O ex-presidente Lula (PT) participou nesta terça-feira (21) do evento de lançamento das diretrizes de seu eventual terceiro governo. Ele destacou sua experiência, assim como a de seu aliado, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), e garantiu que tudo que está previsto no documento divulgado nesta terça-feira é possível de ser executado.

"Vamos ter quatro anos de mandato. Não vamos ter problema de executar nosso programa. A gente não vai ter tempo de ficar filosofando. A gente vai ter, no primeiro mês de governo, que reconstruir nosso pacto federativo. Quero juntar os 27 governadores, quero saber o que eles têm de projeto de infraestrutura para que a gente não perca tempo. Dinheiro a gente vai arrumar. A gente vai primeiro ganhar para depois começar a administrar. Quem nesse país tem mais autoridade para recuperar esse país do que o Alckmin e eu? Pega a classe política brasileira, pega os partidos políticos. Ninguém nesse país tem, primeiro, os partidos apoiando que nós temos, o movimento social que nós temos, e segundo a experiência gerencial que nós temos para cuidar da coisa pública. Não precisamos de tempo para aprender. O que nós precisamos é apenas utilizar o tempo que temos para executar. E tudo isso que está aqui é possível ser cumprido", declarou.

O ex-presidente manifestou também gratidão a todos que estão apoiando sua aliança com Alckmin. "Tem coisas que acontecem na vida política que muitas vezes a gente não esperava. A nossa aliança, o fato de o Alckmin e eu estarmos juntos nessa disputa, é o grande fato novo da política brasileira. Eu jamais imaginei que a gente pudesse estar junto na campanha, acho que o Alckmin também jamais imaginou que a gente pudesse estar junto. E de repente a gente está junto. Essa aliança política nós devemos a vocês, aos companheiros que pertencem aos partidos políticos, ao movimento social, que em um primeiro momento estranharam, mas no segundo momento perceberam que era necessário a gente fazer essa aliança para a gente ter mais chance não apenas de ganhar as eleições, mas a chance de governar esse país. Governar é mais difícil que ganhar, sobretudo quando nós estamos com a tarefa de reconstruir".

Apesar de dizer que todas as diretrizes podem ser colocadas em prática, Lula ponderou, ao comparar o governo à construção de uma casa, onde mudanças precisam ser feitas ao longo do processo. "Se a gente está falando de reconstrução, a gente deveria comparar essas diretrizes com a construção de uma casa. Todo mundo sabe que a casa começa por um bom alicerce, se não qualquer vento derruba nossa casa. Isso aqui [as diretrizes] é apenas um alicerce. Vamos ter que construir a casa ao longo do tempo, ouvindo as pessoas através da plataforma, mas o mais importante é executar a política que nós quisermos se nós ganharmos as eleições.

Mesmo a lista de todo o 'material' que a gente colocou aqui para 'comprar', muitas vezes a gente não encontra. A gente vai ter que fazer mudança. A gente nem sempre pode fazer tudo. Em alguma coisa a gente vai poder mais, em alguma coisa a gente vai poder fazer menos. Essa é a arte de governar, com aquilo que você tem na mão e com aquilo que você tem capacidade de construir. Vamos ter que ter os tijolos dessa parede, que significa acabar com a fome outra vez nesse país, vamos ter que ter os tijolos, que significa aumentar o salário mínimo, e vamos ter que construir tijolo por tijolo, até chegar na cobertura da casa, que é o 'material' da soberania. Esse país precisa voltar a ser soberano, e um país não será soberano apenas porque cuida da sua fronteira. Um país será soberano quando seu povo for respeitado, quando seu povo tiver emprego, educação, salário, quando seu povo comer, tiver saúde, quando tiver conquistado uma cidadania digna".

Bolsonaro e Petrobrás


Lula aproveitou para comentar os ataques de Jair Bolsonaro (PL) à Petrobrás e novamente defendeu a mudança da política de preços da companhia, que atualmente vincula dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional.

Ele disse que Bolsonaro ataca a Petrobrás porque não tem coragem de mudar o que é necessário. "Ele tenta jogar a responsabilidade da sua incapacidade diuturnamente em cima dos outros. Quando o Pedro Parente adotou o PPI,
ele não levou para o Congresso Nacional. Foi uma decisão do presidente da Petrobrás, certamente ouvindo o Conselho da Petrobrás, se é que ouviu. E
tomou a decisão, a pretexto de que era preciso salvar a Petrobrás. Da mesma forma eles tomaram a decisão de privatizar a BR Distribuidora, dizendo que era preciso ter mais competitividade, porque quanto mais competitividade, mais o preço do combustível ia parar. E o preço do combustível não para, na verdade, é de subir. Significa
que algo está muito errado nesse país. O Bolsonaro podia, numa canetada, como fez o Pedro Parente, obrigar o presidente da Petrobrá a reduzir o preço. Ele poderia ouvir o Conselho da Petrobrás e reduzir o preço. Se ele poderia reunir o Conselho Nacional de Política Energética, o Conselho da Petrobás, o presidente da Petrobrás e ele, presidente, tomar a decisão de que era preciso reduzir em benefício
da sociedade brasileira. Mas ele faz muita bravata e mantém o preço alto porque ele não quer brigar com os acionistas, que são os que ficam com o lucro da Petrobrás, que é exorbitante. Nada para o reinvestimento na empresa, nada para melhorar
a vida do povo, e tudo para os acionistas, que estão recebendo dividendos que demoraram muitos anos para receber no nosso governo, porque nossa prioridade não eram os acionistas, era a Petrobrás se transformar em uma grande empresa de energia. Eles estão desmontando isso e vão tentar criar todas as confusões possíveis para ver se eles conseguem propor a privatização da Petrobrás, quem sabe ainda este ano".

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