quarta-feira, 15 de junho de 2022

Antes de ser afastado da Funai por Moro, Bruno Pereira enfureceu o garimpo com megaoperação no Amazonas

 O indigenista comandou operação que causou grande prejuízo a garimpeiros ilegais. Ele foi demitido 15 dias depois, em decisão assinada por um homem de confiança de Moro

Bruno Pereira (Foto: Funai | Agência Brasil | Reuters)


247 - Antes de ser forçado a pedir licença da Funai (Fundação Nacional do Índio), o indigenista Bruno Pereira, atualmente desaparecido na Amazônia com o jornalista britânico Dom Phillips, enfureceu o garimpo com uma megaoperação no sudoeste do Amazonas, conta Carlos Madeiro, do UOL.

"A operação Korubo reuniu cerca de 60 agentes da Funai, Polícia Federal e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e enfraqueceu o garimpo na área com a destruição de 60 balsas que atuavam ilegalmente no rio Jandiatuba. A área fica dentro da Terra Indígena Vale do Javari, onde vivem 19 povos indígenas isolados —o nome Korubo faz referência a um destes povos. Depois da operação, os garimpeiros aumentaram a pressão sobre a Funai, articulando um lobby pela demissão de servidores que estavam comandando ações desse porte na Amazônia — o que incluía Bruno e servidores de outro órgãos, como Ibama e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade)", diz o colunista.

Bruno foi demitido do cargo de coordenador geral em setembro de 2019, 15 dias após a ação. Quem assinou sua demissão foi Luiz Pontel de Souza, homem de confiança do ex-juiz parcial Sergio Moro (União Brasil), à época ministro da Justiça e Segurança Pública.

Em evento nesta terça-feira (14), Moro negou ter responsabilidade sobre a demissão de Bruno. Na prática, ele assumiu que não tinha controle do próprio ministério. "Essa decisão não passou por mim", declarou.

Desde a megaoperação comandada por Bruno, a Funai não realizou mais nenhuma grande ação na região.

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