sexta-feira, 17 de junho de 2022

Ações da Petrobrás despencam mesmo depois de novo aumento abusivo dos combustíveis

 Mesmo com o reajuste, as ações da companhia sofrem uma tempestade perfeita, acompanhando as perdas do Ibovespa, de menos 3,74%

(Foto: Reuters/AMANDA PEROBELLI)

Infomoney - A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou nesta sexta-feira (17) que aplicará reajustes nos seus preços de venda dos combustíveis para as distribuidoras, após quase cem dias de congelamento dos valores da gasolina nas refinarias e de quase 40 dias do diesel.

No caso da gasolina, o reajuste foi de 5,18%, enquanto para o diesel atingiu 14,26%. A estatal manteve os preços do GLP (gás de cozinha). Em nota, a Petrobras reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado.

Também destacou que tem evitado o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais do petróleo e da taxa de câmbio.

No entanto, às 15h26, as ações da petroleira desabavam: os papéis ONs recuavam 9,45%, cotados a R$ 29,20; e os PNs caíam 8,84%, a R$ 26,50.

Mesmo com o reajuste, as ações da companhia sofrem uma tempestade perfeita, acompanhando as perdas do Ibovespa, de menos 3,74%, que se ajusta à desvalorização das ADRs da véspera, quando a B3 esteve fechada, em meio ao cenário de alta dos juros.

Além disso, analistas apontam que o reajuste de hoje não compensa totalmente a defasagem entre os preços praticados no exterior e no território nacional, e pode desencadear ameaças de intervenção na empresa e a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Conselho de Administração da estatal petrolífera.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), elevou ainda mais o tom das críticas à empresa, ameaçando elevar a taxação sobre o lucro da empresa.

No mais, as cotações do petróleo no mercado internacional recuam, com o barril do tipo Brent, referência para a Petrobras, caindo 4,37%, para US$ 114,56.

Petrobras reajusta diesel e gasolina

Com os reajustes anunciados hoje, após 99 dias, a partir de amanhã (18/06), o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. O último ajuste ocorreu em 11 de março.

“Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,15 por litro”, afirmou a petroleira, em comunicado.

Para o diesel, após 39 dias, a partir de 18/06, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O último ajuste ocorreu em 10/05.

O impacto do reajuste no preço do diesel é mais relevante. A parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 4,42, em média, para R$ 5,05 a cada litro vendido na bomba, resultando em uma variação de R$ 0,63 por litro.

Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostravam que há defasagem média de -21% no óleo diesel e de -13% para a gasolina, no relatório desta sexta-feira, que não contemplava o anúncio de hoje da Petrobras.

Preço final

Ainda no comunicado, a Petrobras reforça que os preços de venda da estatal para as distribuidoras, tendo como referência os preços de mercado, são apenas uma parcela dos preços que chegam ao consumidor final.

“Para formação do preço na bomba ainda são adicionadas parcelas da mistura obrigatória de etanol anidro e biodiesel à gasolina A e ao diesel A produzidos nas refinarias, custos e margens de distribuição e revenda, e tributos federais e estaduais. No caso do diesel, atualmente, a tributação limita-se ao ICMS, imposto estadual, uma vez que os tributos federais PIS/Pasep e Cofins tiveram suas alíquotas zeradas a partir de 11/03 até 31/12/2022”, afirmou a petroleira.

Reações

Na iminência do aumento do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, nas redes sociais, hoje mais cedo, que a medida poderia “mergulhar o Brasil num caos“. O Presidente relembrou ainda o impacto da greve dos caminhoneiros em 2018 e as consequências para a economia e a população dos reajuste.

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