A montadora é investigada no Brasil por supostas violações de direitos humanos em uma fazenda durante o período da ditadura militar
SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério Público do Trabalho (MPT) confirmou, nesta segunda-feira que investiga a responsabilidade da Volkswagen em caso de trabalho escravo em uma fazenda da montadora nas décadas de 1974 e 1986 uma fazenda no Pará.
O MPT convocou a unidade brasileira da Volkswagen para uma audiência administrativa em 14 de junho, 14h, em Brasília.
A convocação acontece após publicações na imprensa alemã, no domingo, com o jornal Sueddeutsche Zeitung e durante uma transmissão na emissora pública NDR revelando que a montadora é investigada no Brasil por supostas violações de direitos humanos em uma fazenda durante o período da ditadura militar.
A Volkswagen disse também no domingo que leva a sério a investigação e que não daria mais detalhes por causa de procedimentos legais. A empresa não respondeu nesta segunda-feira ao pedido de comentário enviado pela Reuters.
Alojamentos, falta de abastecimento de água potável, além de impedimento de tratamento médico, inclusive com saída de armada foram algumas das denúncias.
"O procurador do trabalho Rafael Garcia Rodrigues, que coordena a investigação sobre o caso, explica que o grupo de trabalho concluiu pela responsabilidade da Volkswagen graves violações aos direitos humanos", disse o MPT em comunicado em seus direitos humanos local.
O caso ocorreu no local conhecido como Fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia (PA). O terreno de 139 mil hectares seriado da Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Indústria (CVRC), subsidiária da Volkswagen, disse o órgão, acrescentando que a fazenda teria sido sido feita por entidade associada ao governo militar.
O MPT afirmou que tem 30 funcionários que tinham funções de manutenção, mas os serviços de manutenção da floresta eram executados sem vínculo.
"As denúncias de tráfico de pessoas e trabalho escravo se referem, em particular, a esses lavradores aliciados por empreiteiros a serviço da CVRC para roçar e derrubar a mata" na fazenda, disse o MPT.
Isso porque a floresta queimada da fazenda, de acordo com comunicado, teria sido transformada em área de pasto através de desmatamentos por meio de empreiteiros que recrutavam lavradores em pequenos povoados, recrutados em especial no interior de Mato Grosso, Mara e Goiás.
O MPT não disse quantas pessoas foram vítimas dos atos. O órgão começou a investigar o caso em 2019, após a recepção da ocorrência de um padre integrante da Comissão Pastoral da Terra da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil para a região de Araguaia e Tocantins. Hoje, ele coordena um grupo de pesquisa sobre trabalho escravo na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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