Ex-ministro diz que ameaças são parte da campanha eleitoral para tentar ampliar base de eleitores pelo medo
247 – O ex-ministro José Dirceu aposta que Jair Bolsonaro será derrotado nas urnas e diz que ele não tem força para um golpe militar. "Nada indica que Jair Bolsonaro (PL) vença a eleição em outubro. Ao contrário, as pesquisas nos informam que inclusive ela pode ser decidida no 1º turno", escreve, em artigo no Poder 360. "O povo é contra o governo Bolsonaro pelo conjunto de sua obra e não só pelo desastre econômico que vivemos. Também pela alienação total da realidade da equipe econômica e do Banco Central, que na contramão do mundo persistem numa política de juros altos para conter a inflação, levando o país a uma estagflação. O agravamento da situação social pelo desemprego, queda de renda e custo de vida altíssimo tiram qualquer possibilidade de uma reação eleitoral do governo e seu candidato", acrescenta.
Sobre o golpe, Dirceu explica por que a possibilidade é remota. "Não haverá intervenção militar pelo simples fato de que a maioria da sociedade, inclusive das elites, sabe das consequências de um golpe e já tem a experiência da ditadura militar. E, agora, a experiência, também nada edificante, da participação de muitos militares no núcleo do governo. Ao contrário de serem exemplo de eficiência, acabaram, vários deles, por comprometer a imagem das Forças Armadas. Outro motivo pelo qual não haverá golpe é a falta de apoio internacional a um evento deste tipo, o que não quer dizer que não haja apoio a um candidato da direita ou mesmo a Bolsonaro em nível internacional", afirma.
"Além disso, um golpe pode ser derrotado mais cedo ou mais tarde, como a história recente comprova aqui na nossa vizinha Bolívia. As consequências podem ser fatais para aqueles que violam a Constituição e podem significar uma nova fase de mudanças estruturais no Brasil. Basta lembrar que a Constituição de 1988 é filha da derrota da ditadura militar. Na prática, Bolsonaro e sua camarilha querem, pelo medo, convencer uma parcela do eleitorado popular de que, se ele não ganhar, haverá golpe na vã ilusão de que assim votarão nele", diz po ex-ministro.
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