Para comandar a economia, o ex-presidente quer um político, com bom trânsito no Congresso, mas com experiência em gestão de contas públicas
Por Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres (Reuters) - Em meio a especulações sobre quem seria seu ministro da Fazenda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se recusado a falar em nomes mesmo dentro do seu círculo mais próximo, mas tem um perfil claro de quem pretende ver comandando a economia em seu governo: um político, com bom trânsito no Congresso, mas com experiência em gestão de contas públicas.
Enquanto o mercado pressiona membros do PT em almoços e jantares paras saber mais sobre os planos econômicos do ex-presidente, seus conselheiros mais próximos garantem que Lula nunca mencionou um nome, apesar de ter o perfil de quem pretende ver no comando da economia.
“Lula nunca fala sobre nomes, é muito cedo para isso. Ele tem um perfil. Ele quer um político, alguém com boas relações com o Congresso, que já conheça economia e contas públicas. O que ele não quer é um acadêmico, que siga essa ou aquela tendência, e ele não quer alguém do mercado financeiro”, disse a Reuters um dos seus auxiliares mais próximos.
O perfil se encaixa em alguns nomes circulando internamente no PT e que foram recentemente citados como possíveis escolhas pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega em um almoço com empresários organizados pelo think thank Esfera Brasil.
Entre eles estão, por exemplo, os ex-governadores petistas Wellington Dias (Piauí) e Camilo Santana (Ceará) e o governador da Bahia, Rui Costa, também do PT.
Outro nome na lista de Mantega foi o do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que, apesar de ser do PSB --partido que se coligará com o PT nas eleições nacionais, tendo o ex-governador Geraldo Alckmin como candidato a vice-- é bastante próximo de Lula.
Mantega confirmou à Reuters que de fato falou os quatro nomes, mas esclareceu que eram apenas possibilidades, com base nas indicações que Lula já deu de que o ministro da Fazenda deve ser um político.
“Eu simplesmente levantei nomes que poderiam ser de políticos. E nem levantei todos os nomes porque tem muitos nomes possíveis que têm gabarito para serem ministros da Fazenda”, afirmou.
“Muitas vezes os nomes acontecem a partir do desempenho que têm durante o processo eleitoral. Quando uma figura se destaca dentro do processo eleitoral, quando uma figura agrega apoio ao governo, facilidade pra uma gestão econômica, então é aí que você escolhe," acrescentou.
Um dos mais próximos conselheiros econômicos de Lula afirmou que a escolha de um ex-governador seria inteligente, e que os quatro nomes mencionados têm experiência e qualificações.
Falando sob anonimato, ele afirmou que um político à frente da economia trabalharia no sentido de formar uma base parlamentar comprometida com um projeto econômico e social, o que seria crítico para Lula em um novo governo.
Não seria a primeira vez que o ex-presidente optaria por um político no comando na economia. No início de seu primeiro mandato, Antonio Palocci --médico e ex-prefeito de Ribeirão Preto-- ganhou o posto ao longo da campanha eleitoral, ao desenvolver boas relações com políticos, investidores e empresários.
Dentro do círculo mais próximo da campanha de Lula, apesar de toda a especulação, todas as fontes que falaram com a Reuters garantem que o ex-presidente não tomará uma decisão tão cedo. Por agora, ele apontou a si mesmo como porta-voz dos temas econômicos.
“Falar de uma formação de governo agora é salto alto. Não é o estilo de Lula, ele sabe que temos um longo caminho pela frente”, disse uma das fontes, que vem trabalhando muito próxima ao ex-presidente na formação de sua campanha.
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