sexta-feira, 29 de abril de 2022

'Imprensa deveria rever sua cobertura da Lava Jato', afirma Reinaldo Azevedo

 “A verdade é que se confundiu por aqui, ao longo de quase seis anos, o exercício da oposição com o da persecução penal”, afirma o jornalista

Reinaldo Azevedo e Sergio Moro (Foto: Reprodução/Youtube | Reuters)


247 - O jornalista Reinaldo Azevedo afirma, em sua coluna na Folha de S. Paulo, que a decisão histórica do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações (ONU) acerca do lawfare praticado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria levar a imprensa a rever a cobertura que fez sobre a Lava Jato. 

“Muitos, no Brasil, estão zangados com o comitê, especialmente o "Colunismo de Acusação", que atuou como uma espécie de anexo da força-tarefa, indiferente à evidência de que, numa democracia, a correção de qualquer mal, também o da corrupção, tem de se dar segundo regras”, destaca Azevedo.

“Para Lula, a decisão tem peso moral, não jurídico. E certamente será tratada, e com toda razão, na campanha eleitoral. Segundo o comitê, ao ser impedido de se candidatar, em 2018, o petista teve ainda solapados os seus direitos políticos”, afirma o colunista. “A verdade é que se confundiu por aqui, ao longo de quase seis anos, o exercício da oposição com o da persecução penal”, diz mais à frente. 

Para Azevedo, “o fato é que o comitê da ONU atua como um olhar externo, neutro desde a partida, sobre o processo. Por aqui, infelizmente, a guerra ideológica e as batalhas políticas turvaram o juízo “de muita gente”. 

Ainda segundo ele, “os veículos profissionais de comunicação deveriam organizar seminários para rever seus respectivos procedimentos durante a Lava Jato. De cara, uma pergunta teria de ser respondida: ‘Por que jamais se investigaram os investigadores que falavam em nome da pretensão punitiva do Estado?’. Já ali havia, e isto me parece inequívoco, uma adesão a um lado da contenda e uma quebra da necessária imparcialidade”.


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