Estatal vem sendo utilizada como meio de escoamento de recursos das emendas do orçamento secreto, utilizado pelo governo Bolsonaro para cooptar parlamentares
247 - A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) não conseguiu comprovar o valor real das obras executadas em 2021 e que receberam cerca de R$ 3 bilhões por meio de emendas parlamentares no ano passado. Segundo a Folha de S. Paulo, uma auditoria independente realizada pela Russell Bedford aponta que a estatal encerrou o exercício de 2021 sem conseguir comprovar no balanço o valor real das obras realizadas. As emendas parlamentares foram responsáveis por 61% da dotação orçamentária total da empresa.
De acordo com o documento, “a companhia apurou todas as operações registradas na contabilidade, mas ainda está verificando a existência das operações registradas para realizar os devidos ajustes contábeis e, assim, apresentar o saldo contábil de forma fidedigna". O valor questionado soma cerca de R$ 2,7 bilhões. No ano passado, a Codevasf registrou um prejuízo de 358 milhões.
A informação de que a Codevasf não sabe o valor real das obras que executa foi feita na esteira da revelação do afrouxamento das regras licitatórias em obras de pavimentação feitas pela estatal que utiliza dados fictícios que valem para estados inteiros. O objetivo das mudanças é viabilizar o recebimento das verbas de emendas por meio do chamado orçamento secreto, utilizado pelo governo Jair Bolsonaro para cooptar apoio no Congresso Nacional.
No relatório, a firma de auditoria diz que não é possível opinar "sobre os saldos dessas contas e os componentes das demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa". A Codevasf registrou um prejuízo de R$ 358 milhões em 2021.
Ainda conforme a reportagem, um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) também destaca que foram "identificadas falhas nos procedimentos de monitoramento da execução física das obras de pavimentação, que ocorre, predominantemente, nas superintendências regionais da Codevasf", além da “ocorrência de sobrepreço de R$ 3,3 milhões em dez máquinas compradas pela Codevasf com recursos das emendas de relator no ano passado”.
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