sexta-feira, 22 de abril de 2022

Bolsonaro "está conclamando seus seguidores à guerra" com perdão a Daniel Silveira, diz Vera Magalhães

 “Sempre haverá um mecanismo legal à mão de um protoditador disposto a minar a democracia por dentro", alerta a jornalista

(Foto: Clauber Cleber Caetano/PR | José Cruz/Agência Brasil)


247 - A jornalista Vera Magalhães afirma, em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, que Jair Bolsonaro pensou em “insultar, desta vez de forma frontal, o Judiciário”, ao conceder a graça institucional ao deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 8,9 anos de prisão por promover ataques contra a democracia e as instituições democráticas. Segundo ela, Bolsonaro “está conclamando seus seguidores à guerra, e a batalha final todos sabem qual é: a eleição”.

“Tanto Bolsonaro quanto Silveira já estão usando o indulto como demonstração de força do presidente perante o Judiciário. Bolsonaro seria “quem manda” ou quem “fala por último”, nas louvações desencadeadas nas redes sociais após o anúncio do perdão. Isso quando o decreto do capitão não é travestido de Justiça divina, porque o grau de fanatismo nas hostes bolsonaristas só aumenta quanto mais se aproxima o pleito”, ressalta a jornalista. .

“Se os representantes das instituições anuírem ao indulto que é, na verdade, uma afronta a uma decisão praticamente unânime do STF, qual o limite para a escalada de Bolsonaro em usar prerrogativas do cargo para desrespeitar os demais Poderes?”, questiona a colunista. “Sempre haverá um mecanismo legal à mão de um protoditador disposto a minar a democracia por dentro. Desde o primeiro dia de seu mandato, com uma chuva de decretos, Bolsonaro deixou claro que não respeitaria limites em nenhuma área da vida nacional”, completa. 

No texto, Vera Magalhães diz que “é necessário que a resposta do Supremo seja tão célere quanto a canetada de Bolsonaro. O “vamos analisar” não pode ser uma ação de semanas, porque a escalada do presidente em confrontar abertamente o Judiciário já alcançou muitos picos que foram tolerados e amaciados à base de cartinhas mentirosas de desculpas”.

“Ou os representantes das instituições entendem de uma vez por todas a tempestade que está se armando há tempos ou terão de tentar tirar os invasores quando eles já estiverem no nosso ‘capitólio’, seja ele qual for. E ainda sem saber se contarão com as Forças Armadas ou não, já que os limites foram há muito tempo violados”, finaliza.

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