“Quero um Estado indutor do desenvolvimento, que não gaste todos os seus recursos com o sistema financeiro, mas que garanta comida, emprego e remédio para o nosso povo”, disse Lula
247 - Em evento em Curitiba, nesta sexta-feira, 18, o PT formalizou a filiação do ex-governador e ex-senador Roberto Requião, que estava sem partido desde agosto do ano passado, quando deixou o MDB após mais de 40 anos no partido. O evento contou com a participação de Requião, do ex-presidente Lula, da presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, e de outras lideranças petistas e sindicais.
Lula voltou a defender um Estado forte e participativo no desenvolvimento nacional, destacando que, quando houve a crise financeira de 2008, momento em que governava o País, o barril do petróleo subiu para US$ 147, mas no Brasil vendia-se gasolina a R$ 2,67. Com isso, o ex-presidente fez um contraste com o atual governo de Jair Bolsonaro, que diante do aumento do barril de petróleo no mundo, fez aumentos abusivos no preço dos combustíveis.
“Temos que ter consciência que a elite escravista desse país consegue colocar na cabeça do povo mais humilde de que o Estado não presta, de que a única coisa boa é a iniciativa privada”, disse Lula. “Não acredito em Estado fraco. Quero ele forte, não um Estado empresarial, mas um Estado indutor do desenvolvimento, que não gaste todos os seus recursos para pagar juros para o sistema financeiro, mas que garanta, numa crise como essa, que não falte comida, emprego e remédio para o nosso povo. O Estado pode fazer isso, nós já provamos”, reforçou.
Lula destacou que, durante a pandemia da Covid-19, não fosse o Sistema Único de Saúde (SUS), sistema público de saúde, “o país teria quebrado e teria morrido muito mais gente”.
Mazelas sociais
Segundo ele, é preciso “convencer o povo brasileiro a restaurar a democracia nesse país, o direito do nosso de andar de cabeça erguida, tomar café todo dia, almoçar e jantar, trabalhar, estudar, do filho de um faxineiro virar engenheiro, empregada doméstica virar médica. Nós já provamos que esse país pode [fazer isso] e não pode se subordinar a ninguém”. “A solução desse país está no povo pobre”, destacou.
O ex-presidente, nesse sentido, denunciou os desmontes que foram feitos a partir do golpe de Estado contra Dilma Rousseff em 2016. “Passados seis anos do golpe na Dilma, como está o Brasil? Quanto está o quilo do arroz, quilo do feijão, quilo da carne, litro de gasolina, litro óleo diesel, dos preços dos pedágios, das coisas que nós consumimos todo dia?” Ele reforçou que a “Ponte para o futuro”, programa do presidente golpista Michel Temer (MDB), "era só um buraco”, que levou milhões à miséria.
“Esse país é o terceiro produtor de alimentos do mundo e a gente não pode conceber a ideia que tem 19 milhões de pessoas que não têm o que comer, e mais 116 milhões que sentem algum problema de insegurança alimentar. [...] É o maior produtor de proteína animal do mundo e vê na fila do açougue uma mulher pegando um osso para fazer uma sopa para poder comer de noite. Não falta alimento, não falta tecnologia, o que falta é vergonha na cara das pessoas que governam o mundo”, afirmou emocionado.
Por isso denunciou os ataques aos serviços e empresas públicas e às ações sociais, destacando o desmonte do ProUni e do Fies, assim como a privatização da BR Distribuidora e outras empresas.
Ele também criticou fortemente Jair Bolsonaro (PL), que foi chamado de “psicopata”. “Não me digam que o Lula se tornou radical, não me digam que o Lula saiu da cadeia mais nervoso, querendo vingança. Eu não aprendi a ter raiva. A minha missão é mostrar que o país pode ser grande. No nosso governo, o Brasil não era um país 'paia', como é hoje, governado por um psicopata, que não sabe governar e cuidar desse país. Um homem que não sabe falara palavra 'paz', só sabe falar em ódio. Um homem que não sabe falar em amor, cultura, só sabe falar em armas”, disse.
'Petrobras vai voltar a ser do povo brasileiro'
Destacando a questão dos combustíveis e os ataques da Petrobras, Lula lembrou que “tem 392 empresas importando gasolina a preço de dólar, quando nós produzimos gasolina a preço de real, porque o trabalhador ganha real” “Hoje nós estamos pagando gasolina em dólar, porque precisa pagar dividendos para uns acionistas americanos e alguns brasileiros”, denunciou. “Eles que se preparem, porque o povo vai voltar a governar esse país e a Petrobras vai voltar a ser do povo brasileiro. Não vai privatizar os Correios, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Eletrobras, ou destruir o BNDES”, destacou.
De acordo com ele, é mentira dizer que a guerra da Rússia na Ucrânia aumentou o preço dos fertilizantes e da gasolina. “Eles fecharam fábricas de fertilizantes em Sergipe, no Paraná, deixaram de construir a fábrica de uréia em Três Lagoas, a fábrica amônia em Uberaba”, argumentou. “O preço da gasolina está caro porque essa gente que governa esse país não presta e não tem compromisso com vocês”, continuou.
Congresso de esquerda e Paraná
Lula também reforçou novamente que “não basta eleger o Requião e o Lula”, é preciso eleger deputados para mudar o Congresso, denunciando a vergonha do orçamento secreto e a tentativa de aprovar o semipresidencialismo “com medo da nossa volta”.
Sobre o Paraná, Lula destacou que é preciso conversar e convencer o povo. “Hoje eu vivi talvez o mais emocionante dia da minha vida, porque depois que saí da Polícia Federal de Curitiba, hoje é a primeira vez que eu retorno à Curitiba e eu fui encontrar com algumas centenas de companheiros e companheiras que fizeram a vigília durante 580 dias. Eu nunca aceitei a ideia de dizer que o Paraná é um estado conservador, um estado anti-petista. O Paraná é, foi e será aquilo que a gente tiver a disposição de conversar e convencer o povo do Paraná”, argumentou, lembrando que Requião e Gleisi foram eleitos pelo povo paranaense.
'A batalha de nossas vidas'
Já Requião, em sua fala, destacou que eleger Lula talvez seja “a batalha de nossas vidas”. “É possível que nunca estivéssemos em um cruzamento tão definitivo, tão mortal para o Brasil. É a nossa Termópilas, é a nossa Salamina, é Stalingrado, é a nossa Guararapes, é o nosso 2 de julho, quando na Bahia os brasileiros da independência derrotaram os portugueses”, afirmou.
“Força, história de vida e experiência do Lula nos ajudam a caminhar. Não há outra saída, companheiros. O Lula é o único líder para nos levar à vitória. É a salvação do País, sem dúvida nenhuma. É uma frente política, mas além disso uma redenção para o Brasil”, disse.
Nesse sentido, chamou todos os companheiros “que ainda são decentes do velho MDB de guerra” a se somar nessa luta, “porque o resto está aderido ao saco do governador [Ratinho Júnior], como verdadeiros carrapatos”.
Confira o evento na íntegra:
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