Análise de que proibição dos EUA ao petróleo russo pode não piorar a escassez manteve os preços sob controle, assim como possível produção de outros países
InfoMoney - O preço do petróleo desabou na sessão desta quarta-feira (9), em um dia de forte volatilidade nas negociações. Os investidores avaliaram a proibição dos Estados Unidos às importações de petróleo russo e com a Rússia anunciando um novo cessar-fogo na Ucrânia para deixar civis saírem do país, além de novidades com acenos para a solução de guerra entre as nações.
O contrato futuro do petróleo Brent com vencimento em maio fechou em queda de 13,16%, a US$ 111,14 o barril, enquanto o WTI para abril perdeu 12,12%, a US$ 108,70 o barril, na maior queda percentual desde novembro.
Em meio a essa forte queda da commodity, ações de petroleiras tiveram baixa expressiva na sessão. PetroRio (PRIO3) fechou em baixa de 6,44% (R$ 26,14), enquanto 3R Petroleum (RRRP3) teve desvalorização de 4,35% (R$ 37,36). A Petrobras (PETR3, R$ 34,68, -0,03%;PETR4, R$ 32,56, +0,31%), por sua vez, fechou perto da estabilidade, uma vez que os investidores monitoram a votação de projetos de lei no Senado para conter a disparada dos preços dos combustíveis, em um cenário em que a alta do petróleo tem pressionado a política da companhia.
A visão de que a proibição dos EUA às importações de petróleo russo pode não piorar a escassez manteve os preços sob controle, disseram traders. Cabe ressaltar que, na madrugada de segunda-feira (7), o brent chegou a flertar com os US$ 140 o barril com notícias de que a União Europeia também poderia aderir ao embargo russo, o que não se concretizou.
Operadores mencionaram também o fato de que a Ucrânia não estava mais buscando a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após algumas notícias nesta semana sobre o assunto.
O vice-chefe de gabinete do presidente ucraniano, Ihor Zhokva, afirmou que a Ucrânia está disposta a discutir neutralidade em relação à organização.
“A percepção de que a proibição de importação dos EUA pode não tornar o atual choque de oferta pior do que já foi também pode ter desencadeado esse surto de realização de lucros”, disse Tamas Varga, da corretora de petróleo PVM, que também citou a Ucrânia moderando as aspirações para integrar na Otan.
O movimento de queda se intensificou durante a tarde em meio a indicações de possível progresso dos EUA em incentivar mais produção de petróleo de outras fontes. A Reuters informou que o Iraque poderia aumentar a produção se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) pedisse. O secretário de Estado Antony Blinken também sinalizou que os Emirados Árabes Unidos apoiariam o aumento da produção pela Opep+.
O petróleo também recuou quando o chefe da Agência Internacional de Energia descreveu a decisão na semana passada de liberar 60 milhões de barris de reservas de petróleo para compensar as interrupções no fornecimento após a invasão da Rússia como “uma resposta inicial” e que mais poderia ser liberado se necessário.
A commodity chegou a reduzir perdas com o relatório semanal do DoE, que mostrou que os estoques de petróleo nos Estados Unidos caíram 1,863 milhão de barris, a 411,562 milhões de barris, na semana encerrada em 4 de março, mas intensificaram as quedas após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmar estar preparado para fazer concessões em prol de terminar a guerra.
Para Edward Moya, da Oanda, além da fala de Zelensky, os preços do petróleo caíram à medida que cresce o otimismo de que o impacto econômico das sanções está pesando na economia russa, e que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pode tentar evitar uma longa guerra.
De acordo com o Julius Baer, o isolamento de Moscou deixa uma lacuna no mercado de petróleo. “O mundo não está prestes a ficar sem petróleo. Estamos testemunhando uma crise de preços e não uma crise de oferta”, destacou, em relatório enviado a clientes.
Apesar das quedas desta quarta, segundo a Rystad Energy, na pior das hipóteses, o preço do barril de petróleo poderá atingir US$ 240 em meados do ano se países ocidentais adotarem sanções em massa contra exportações de petróleo russo.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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