Cristiano Zanin Martins afirma que operação ocultou evidências que eram favoráveis ao petista
Um ano depois de ver reconhecida no Supremo Tribunal Federal a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro na Lava-Jato, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contabiliza 24 vitórias na Justiça que, não só pavimentaram caminho para o petista voltar à cena política como (ao menos por ora) favorito na eleição deste ano, mas também reforçam o argumento de que houve perseguição política.
Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, uma das táticas utilizadas pela operação foi a de manipular provas contra o petista. “A Lava-Jato tinha a estratégia de esconder provas provas favoráveis à defesa, enquanto fazia das delações farsescas o motor de tração de suas iniciativas”, diz. Em entrevista a VEJA, o defensor afirma que Moro, hoje pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, fazia política com a investigação usando o poder do Estado para punir adversários.
“Em 16 de março de 2016, no dia em que a conversa entre o ex-presidente Lula e a então presidente Dilma Rousseff foi gravada de forma ilegal, havia outras vinte conversas mantidas naquela ocasião pelo ex-presidente Lula que foram simplesmente descartadas. Os diálogos mostravam que ele estava indo para o governo, não para buscar foro privilegiado ou para se esquivar da Lava-Jato, mas para ajudar o país a atravessar, com sua experiência, um momento de turbulência política”, conta Zanin.
Naquela ocasião, o governo Dilma era alvo de protestos e a Câmara analisava o processo de impeachment que culminou com o afastamento da petista. Após a revelação de conversas de Lula com a ex-presidente, a nomeação foi suspensa pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que entendeu tratar-se de desvio de finalidade para garantir prerrogativa de foro ao ex-presidente. As gravações divulgadas foram depois consideradas ilegais, já que a conversa aconteceu depois que o Moro já havia mandado cessar os grampos.
“Nós conseguimos encontrar essas conversas gravadas após um trabalho que fizemos de investigação defensiva. Os diálogos que foram ocultados pela Lava-Jato mostravam claramente que a nomeação era nada mais que o exercício de uma prerrogativa presidencial, dentro da mais estrita legalidade.”, afirma o defensor do petista.
Segundo ele, o episódio não tratou-se de um caso isolado. “Também ilustra bem essa metodologia de esconder provas favoráveis à defesa uma conversa telefônica de uma funcionária da OAS que foi grampeada pela Lava-Jato. Ela reconhecia que o tríplex não era do ex-presidente Lula. Nos arquivos da Spoofing (operação que prendeu hackers que vazaram conversas de procuradores) que analisamos e enviamos ao STF, mostramos que esse material foi excluído do processo sob o fundamento de que seria favorável à defesa do ex-presidente.”
Fonte: Veja
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