Advogado do ex-presidente deu entrevista à Veja e refutou alegações de que Lula teria sido absolvido por meras "questões técnicas": 'havia um vício gravíssimo, a suspeição do juiz'
247 - O advogado do ex-presidente Lula (PT), Cristiano Zanin Martins, em entrevista à Veja, rebateu alegações de que o petista somente teria sido absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de "pequenas questões técnicas". Ele também refutou a ideia de que tribunais superiores, além da Vara comandada por Moro, teriam concordado com as condenações contra o ex-presidente porque ele seria sim culpado. Zanin explicou que a Lava Jato "emparedou" instâncias superiores, pressionando-as a agirem contra Lula.
"Sem condenação, a presunção de inocência está intacta. Lula teve a sua vida devassada e os acusadores tiveram todas as oportunidades de apresentar provas, inclusive com a ajuda de um juiz parcial, e não obtiveram êxito. Os processos não foram anulados por pequenas questões técnicas, mas por um vício gravíssimo, que era a suspeição do juiz. Moro queria condenar sem processo porque sabia que, dentro das regras do jogo, ele não tinha condições de impor as condenações. Não se conduz um processo na base do jeitinho", esclareceu.
"Todo mundo errou?", questionou o repórter da Veja Leonardo Lellis sobre decisões de tribunais superiores que endossaram, por "intimidação", as condenações da Lava Jato contra Lula. "Houve várias iniciativas da Lava Jato para induzir ao erro o sistema de Justiça com o discurso de que, se alguém não era a favor da operação, era a favor da corrupção. A Lava Jato adotou uma técnica de emparedamento que consistia na intimidação de magistrados e de tribunais que pudessem de alguma forma rever as decisões que eram tomadas na primeira instância".
O advogado afirmou que a Lava Jato não deixou "nenhum legado positivo", nem mesmo as quantias milionárias devolvidas à Petrobrás. "Qualquer recuperação de valores provenientes de atos ilícitos deve ser louvada, mas isso se deu a um custo muito maior para o país. Por isso que a nossa crítica está na forma de combate à corrupção como pretexto para atingir fins apenas políticos".
Zanin criticou o ex-juiz parcial Sergio Moro (Podemos) e o ex-procurador e chefe da Lava Jato de Curitiba Deltan Dallagnol (Podemos). Eles vão concorrer à Presidência da República e à Câmara dos Deputados, respectivamente. "Eles estão fazendo política desde o início da Lava Jato. A diferença é que agora estão no campo certo para isso, que é o eleitoral. Antes eles faziam isso usando o poder do Estado de investigar, acusar e de punir".
O advogado disse que foi convidado por Lula para, junto do ex-subprocurador-geral da República Eugenio Aragão, coordenar a parte jurídica de sua campanha presidencial, mas ainda não há uma definição. Ele destacou sua preocupação com as notícias falsas ao longo do ano. "Há sinais de que haverá um grande problema com fake news, numa proporção maior do que em 2018. Isso terá toda a nossa atenção para evitar a proliferação de notícias falsas e identificar os responsáveis".
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