quarta-feira, 9 de março de 2022

EUA jogaram Guaidó na lixeira para negociar com Maduro, diz deputado venezuelano

 Parlamentar considerou que a reaproximação entre os governos de Maduro e Biden poderia ser o palco para o fim das sanções

(Foto: Reuters)

(Sputnik) – O Governo dos Estados Unidos usou o opositor venezuelano Juan Guaidó e agora o deixou de lado, para se sentar e negociar com o legítimo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse Saúl Ortega, deputado e membro da Comissão de Política Externa do Parlamento.

"Eles nem levaram em conta Juan Guaidó, essa é a política real, que essa figura fictícia que causou tanto dano ao país nesta conjuntura não lhes serve mais. Eles o usaram e o jogaram no lixão, e eles têm que se entender com o único governo legal na Venezuela", disse Ortega, membro do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

Em 5 de março, Maduro recebeu uma delegação do governo Joe Biden no palácio presidencial em Caracas, com quem concordou em estabelecer uma agenda de interesse comum.

O presidente venezuelano não deu detalhes sobre os pontos discutidos na reunião, mas a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que autoridades americanas viajaram a Caracas para discutir uma "variedade de questões, incluindo segurança energética".

Em 2019, os Estados Unidos reconheceram o opositor Guaidó, que em janeiro daquele ano se autoproclamou "presidente interino", e ignorou Maduro, que foi reeleito em 2018 para um segundo mandato entre 2019-2025.

Nesse mesmo ano, Maduro rompeu relações diplomáticas com Washington, após argumentar que o governo do então presidente Donald Trump (2017-2021) estava por trás da autoproclamação de Guaidó, ato que ele descreveu como intervencionismo.

Após três dias do encontro entre Maduro e a delegação norte-americana, a justiça venezuelana libertou Gustavo Cárdenas, um dos seis ex-diretores da petrolífera Citgo detidos em Caracas desde 2017, e Jorge Fernández, cubano-americano preso na terça-feira, em fevereiro de 2021 no estado de Táchira (oeste) por um suposto crime de terrorismo.

Sanções

Desde então, a nação norte-americana aumentou as sanções contra a Venezuela, que segundo o governo Maduro são os principais responsáveis ​​pela crise econômica em seu país.

Nesse sentido, Ortega considerou que a reaproximação entre os governos de Maduro e Biden poderia ser o palco para o fim das sanções.

"Essas medidas ilegais, unilaterais e coercitivas nunca deveriam ter existido, que o governo [dos EUA] esteja ciente de que nesse quadro não vamos nos entender e corrigir, não apenas levantando as sanções que causaram muito dano a o povo da Venezuela, mas também que podemos avançar em diversas áreas", comentou.

O parlamentar considerou que o governo Biden também deve devolver à Venezuela os recursos econômicos e as empresas estatais que lhe foram retiradas.

"Não são apenas as sanções, é o roubo vergonhoso da (petrolífera) Citgo, o problema do diplomata venezuelano Alex Saab [extraditado de Cabo Verde para os Estados Unidos], é o problema bancário em que nossos recursos foram sequestrados, nós não. Eles nos permitem vender petróleo porque não temos como cobrar deles. Muito dinheiro foi roubado por encomendas dos Estados Unidos", disse ele.

As acusações feitas pelo governo vão desde o roubo da Citgo, da petroquímica colombiana-venezuelana Monómeros, das 30 toneladas de ouro que esta nação sul-americana depositou no Banco da Inglaterra e mais de 7.000 milhões de dólares estatais que estão em bancos estrangeiros e foram bloqueados por meio de sanções.

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