quarta-feira, 2 de março de 2022

Eleição de 2022 deve ter queda na renovação do Legislativo

 


Câmara: renovação de 47% em 2018 (Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados)

Nas eleições de 2018, o índice de renovação da Câmara Federal foi de 47,37%, a maior desde 2006, quando o porcentual de novos deputados eleitos chegou a 47,95% das cadeiras. Quatro anos depois, o cenário é outro, e a previsão é de que esse índice caia na disputa de vagas pelo Legislativo, em todos os níveis, incluindo assembleias legislativas.

Na última eleição geral, foram eleitos 243 deputados novos e reeleitos 251 deputados, de um total de 444 candidatos à reeleição. Ou seja, 56,5% dos deputados que se candidataram à reeleição foram vitoriosos. Também foram eleitos 19 ex-deputados de legislaturas anteriores (3,7%).

Até então, o maior índice de renovação da Câmara havia sido em 1990, primeira eleição após a que escolheu a composição da Assembleia Constituinte de 1986. Nesse ano, 368 parlamentares concorreram à reeleição, mas apenas 189 voltaram, ou 51,35%. E 306 novos deputados representaram 61,82% do total de cadeiras. Desde a eleição de 1994, o percentual de renovação na Câmara ficou abaixo de 40%. A média de 1994 até 2014 foi de 37%. Três eleições tiveram o menor índice de renovação: 1994, 1998 e 2002.

Bolsonarismo Na bancada federal do Paraná, a renovação em 2018 foi de 50%, com 15 reeleitos e o mesmo número de novos eleitos. Dos novos, dez são oriundos das forças de segurança pública, tradicional reduto do bolsonarismo, que garantiram suas vagas na esteira da eleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da onda da chamada “anti-política”.

Quatro anos antes, a renovação dos parlamentares foi de 40% - 18, dos atuais 30 deputados reeleitos. Mas considerando que apenas 22 dos concorreram à reeleição, apenas quatro não conseguiram permanecer na Casa.

Já na Assembleia Legislativa, o índice de renovação se repetiu nas últimas duas eleições, ficando em 38,8%. Ao todo, 33 deputados que foram reeleitos e 21 eram novos em relação à legislação anterior.

‘Outsiders’ perderam o apelo, avalia cientista político
Para o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerzon Urizzi Cervi, a tendência para as eleições legislativas de 2022 é que o movimento do eleitorado em busca de “outsiders” verificado em 2018 reflua e os índices de renovação caiam para patamares médios de pleitos anteriores. Ele lembra que em 2018, muitos novatos foram eleitos na onda bolsonarista e da “anti-política”, alimentada pelas denúncias de corrupção que vieram à tona com a Operação Lava Jato, e pelas manifestações que explodiram em junho de 2013.

Atualmente, a Lava Jato teve boa parte de suas decisões derrubadas nos tribunais superiores, após o ex-juiz Sergio Moro trocar a magistratura pelo cargo de ministro da Justiça do governo Bolsonaro, e deixar o governo acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. A operação também viu seu principal alvo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixar a prisão e ter as decisões de Moro anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após a divulgação de conversas entre o então juiz e procuradores sobre a condução das investigações e processos. Cansaço - Na análise de Cervi, a eleição de 2018 foi mais parecida com a de 1990, quando também havia um “cansaço” do eleitorado com a política tradicional. “Entre 1994 e 2014, PSDB e PT se revezaram na Presidência da República. Um novo ciclo político comandado por dois partidos. Em 2018, o eleitor estava cansado desse modelo”, explica.

Para ele, 2022 está mais próximo de 1994 do que 2018. “Se olharmos para a história, depois de uma eleição desalinhadora, o eleitor tende a retomar o seu critério. Não creio que tenha (renovação maior ou igual)”, projeta.

Fonte: Bem Paraná

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