quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

"Operação farofa" comprovou a falta de empatia de Bolsonaro, diz Vera Magalhães

 "Poucas cenas podem ser mais emblemáticas da falta de empatia do presidente com quem de fato carece de recursos para se alimentar", diz a jornalista

Vídeo revela equipe de Bolsonaro em vídeo do 'farofeiro popular' (Foto: Reprodução)


247 – "Jair Bolsonaro deu para demonstrar tamanho fastio com a tarefa de governar o Brasil que fica difícil entender por que, além da razão exclusivamente política, ele pretende gastar mundos e fundos para tentar se reeleger. Duas das últimas manifestações do presidente de turno apontam uma completa ausência, da sua parte, de visão do que seja o país que administra (sic) há três anos. Para se contrapor à avassaladora constatação de que foi o presidente que mais gastou nos cartões corporativos da Presidência, sobre os quais ainda colocou camadas adicionais de sigilo, o capitão (ou seus filhos, esses luminares da comunicação) teve uma ideia: por que não dar um dos seus apreciados rolês de motoca pela capital federal e se deixar fotografar coberto de farofa, comendo um frango com as mãos numa barraca de rua? Genial, não? Não", escreve a colunista Vera Magalhães, em sua coluna no Globo.

"Poucas cenas podem ser mais emblemáticas da falta de empatia do presidente com quem de fato carece de recursos para se alimentar, ou precisa muitas vezes fazer uso das mãos pois não dispõe de casa, cadeira, talheres e pratos. Aqueles que estão nessas condições têm pelo parco alimento de que dispõem um respeito absoluto. Não desperdiçam sua exígua quantidade nem denotam certo asco pelo ato de comer, como o Bolsonaro que se deixou filmar numa tentativa mambembe de se mostrar como um 'homem do povo'”. Dois dias depois da Operação Farofa, Bolsonaro decidiu sobrevoar municípios da Grande São Paulo mais afetados pelos desabamentos e pelas mortes provocados pelas fortes chuvas no estado nos últimos dias. E se saiu com a pérola de que faltou 'visão de futuro' àqueles que construíram casas em regiões sujeitas a desabamentos, ou irregulares. A frase choca pelo descolamento com a realidade histórica da moradia no Brasil", pontua ainda a jornalista.

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