quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Alvarez & Marsal, que recebeu R$ 40 milhões de empresas da Lava Jato, abriu CNPJ em paraíso fiscal

 Empresa que pagou R$ 3,5 milhões em um ano para Sergio Moro abriu 12 ramificações no auge da operação, em 2017

Sergio Moro (Foto: Reprodução/Facebook)

247 - O setor de inteligência do Tribunal de Contas da União (TCU) trabalha em cima da estrutura societária da Alvarez & Marsal, empresa que contratou o ex-juiz suspeito Sergio Moro para uma consultoria, após ter comandado a Operação Lava Jato. As informações são da jornalista Daniela Lima, da CNN, que teve acesso a uma parte do relatório.

Consta da primeira parte do documento que o primeiro CNPJ da A&M no Brasil foi constituído num paraíso fiscal, em Delaware, nos Estados Unidos, em 2008. 

A partir do início da Operação Lava Jato, o grupo abriu 12 ramificações - uma delas o de Disputas e Investigações, setor que contratou Moro para prestar consultoria. O auge da criação de novos braços pela empresa foi em 2017, quando a Lava Jato estava a todo vapor.

Os técnicos da inteligência do TCU agora cruzam dados não apenas de Sergio Moro, mas também de pessoas com as quais o ex-juiz tem vínculos societários e os valores recebidos da Alvarez & Marsal. 

Chamou atenção dos técnicos a abertura de um CNPJ num paraíso fiscal e o fato de outro braço ter sido aberto nas Ilhas Cayman - paraíso fiscal da região do Caribe. A intenção é identificar se houve fraude fiscal.

Sergio Moro recebeu R$ 3,5 milhões em um ano da empresa. No contrato, constava como pagamento ao ex-juiz US$ 656 mil nos doze meses de prestação de serviços, entre 23 de novembro de 2020 e 26 de novembro de 2021. Parlamentares questionam se de fato Moro teria prestado a consultoria ou se apenas teria recebido o dinheiro.

Tribunal de Contas da União delega à PGR bloqueio imediato de bens de Moro

O ministro Bruno Dantas, do TCU, entende que ainda não há como decretar o bloqueio de bens de Sergio Moro. Mas a investigação do setor de inteligência trabalha para buscar provas e permitir que seja possível uma decisão nesse sentido. O procurador-geral da República, Augusto Aras, selecionou um grupo de procuradores para analisar, durante o Carnaval, o processo do TCU contra o ex-juiz. 

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