Deputada é contra Geraldo Alckmin como vice de Lula e defendeu mobilização popular como elemento de governabilidade
Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (16/02), o jornalista Breno Altman entrevistou a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores do Ceará e ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins.
Lins discorreu sobre a aliança do PT com o clã Ferreira Gomes e, atualmente, com o PDT, partido que integram. Ela foi categórica ao afirmar que, pensando nas eleições que se aproximam, se aliar a Ciro Gomes no Ceará “seria insistir em um erro histórico”.
“Primeiro que qualquer candidato apoiado por Cid, Camilo [Santana, o atual governador, do PT] e Ciro não chega a 35% das intenções de voto, porque há um cansaço muito grande. Segundo que não podemos apoiar a candidatura de um partido que é o foco de um dos principais inimigos declarados de Lula, que é o Ciro, não é nem pelo PDT. E temos que aproveitar que o Ceará é muito lulista”, defendeu.
Voltando às origens dessa aliança, que chegou a ser muito próxima, a deputada contou que começou em 2006, quando Lins, já prefeita de Fortaleza, decidiu apoiar a candidatura de Cid Gomes ao governo do Ceará.
“Nem o Ciro queria que ele fosse governador, então pensei que se o Ciro não estava concordando, algo de bom havia em Cid. Eu, como prefeita da capital, tinha que apostar em alguém e entendi que nem o Cid, que ainda nos deu a prerrogativa de nomear um vice, agradava o lado deles. A chance era grande da gente perder, mas ele acabou sendo muito bem votado. Na minha reeleição, não tive o apoio de Ciro, mesmo com o Cid apoiando minha reeleição. Em 2010, o Ciro diretamente começou a me atacar”, resumiu.
Mais especificamente sobre a trajetória do filho mais velho do clã Ferreira Gomes, o grande problema de Ciro é que "ele fala muito para a plateia", segundo a deputada. Lins reconheceu que ele não é um "conservador clássico", mas não chega a ser um progressista, que aposta mais na "conveniência política".
Por isso, voltou a enfatizar que, para o governo do Ceará, o PT deveria ter um candidato próprio que não fosse o atual prefeito, já que “Camilo não vem de uma disputa interna do PT, mas de uma indicação do clã Ferreira Gomes para o PT”, de modo que ainda nem se sabe quem ele apoia para presidente: “Camilo é um freio de mão puxado para o crescimento do partido no Ceará”.
A deputada ainda defendeu que se Ciro mantiver sua candidatura à Presidência, tentará ganhar o governo de seu estado e utilizará a campanha como palanque, atacando Lula, “então precisamos de alguém para fazer palanque para Lula”.
Lins disse que se colocou à disposição do PT para a disputa eleitoral no Ceará, não só para fazer com que seu estado avance, mas para fazer campanha para o ex-presidente.
Governabilidade
Para além de uma possível aliança entre o PT e o PDT no Ceará, a deputada refletiu sobre as alianças petistas a nível nacional, especificamente sobre a possibilidade de que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin seja lançado à vice na chapa de Lula.
“Acho que a situação atual deixou muita gente desesperado, com a sensação de que se a gente não ganhar essa eleição, pode ser que a gente não ganhe mais nenhuma. Por isso, nunca foi dado tanto poder a Lula como ser político, dirigente partidário e liderança política para conduzir essa estratégia. Agora, não significa que ela será a melhor”, ponderou.
Ela argumentou que Alckmin foi combatido desde sempre pelo partido, “mas tudo bem, as pessoas podem mudar, como ele mesmo diz, mas a questão é qual é o objetivo que queremos colocando-o de vice?”.
Na opinião de Lins, uma mulher negra ou indígena deveria ocupar o cargo de vice na chapa, alguém que carregasse simbolismo e tivesse a capacidade de ampliar o eleitorado. “O Alckmin só traz estabilidade para o status quo econômico. A gente está meio que aceitando tudo pra poder ganhar e não acho essa uma boa fórmula porque, da última vez, a Dilma levou um golpe. Nos atrapalhou ter um vice que podia dar um golpe a qualquer momento”, reforçou.
Mais importante do que alianças, ela apontou para o trabalho de base de educar a população sobre as funções do legislativo e seu papel na governabilidade de um presidente, para conseguir uma mudança na correlação de forças do Congresso, “onde um grupo anda para lá e para cá, à mercê do poder, sem representar a população e sem poder ser tocado”.
Além disso, destacou a luta pela mobilização popular constante, que deveria ter sido travada antes, mas que agora é imprescindível.
“As conquistas que a gente traz para o povo não podem ser vistas como canetadas, precisam acontecer em conjunto com as mobilizações sociais. A população precisa saber o que ela está ganhando. Se não, parece que tudo só depende do governo e não é assim. Depende do povo e da correlação de forças. Se a segunda não existe no Parlamento, precisamos vencer nas ruas”, concluiu.
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