Mais uma vez desprezando olimpicamente a morte de cidadãos em tragédias como a de Capitólio, Jair Bolsonaro tira o sábado para celebrar aniversário de ministro
247 – Ao sair da casa do ministro-chefe da Advocacia Geral da União, Bruno Bianco, assessor que herdou da equipe de Michel Temer (Bianco foi um dos principais artífices das duas composições de governo para aprovar a Reforma da Previdência) no Lago Sul, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro repetiu o comportamento adotado na última semana do ano passado – quando permaneceu de férias em Santa Catarina e se recusou a visitar as vítimas, os sobreviventes e os desabrigados das enxurradas no Sul da Bahia: ignorou a dor e a tragédia. Enquanto o País acompanhava, em choque, as imagens do desabamento de um paredão num cânion no lago de uma das hidrelétricas de Furnas, em Minas Gerais, tragédia que matou ao menos seis pessoas e deixou 20 desaparecidos e duas dezenas de feridos, Bolsonaro se limitou a falar de reforma ministerial em março – “vou fazer ali no final de março, 12 devem sair, mas acho que dificilmente saem antes da hora. Vou querer que saiam 1 dia antes do limite máximo. Já começamos a pensar em nomes, alguns já estão mais que certos”, disse – e tentou explicar que não há conflito entre o que ele quer e o que ele pensa sobre vacinas contra Covid (de cuja eficácia duvida) e a determinação dada pelo comandante-geral do Exército à sua tropa, para que se vacinem, usem máscaras e não compartilhem fake news antivacina: “Na verdade, (a recomendação de vacinação) não foi do Exército, foi da Defesa (o ministério). Dava dúvida na questão de exigir ou não a vacina``, disse Bolsonaro na saída da casa de Bianco. “Não há exigência nenhuma. Eu sou democrata. Já tive notícias... Duas estatais que queriam já aplicar sanções em servidores que não fossem vacinados. Aí é simples”.Segundo ele, não há altercações com o general Paulo Sérgio Nogueira, com quem teria tomado café da manhã no sábado: “Não tem mudança. Pode esclarecer. Hoje tomei café com o comandante do Exército. Se ele quiser esclarecer, tudo bem, se ele não quiser, tá resolvido, não tenho que dar satisfação para ninguém de um ato como isso daí. É uma questão de interpretação”.
Bolsonaro disse ainda que pode colocar parlamentares nos cargos daqueles que saírem do governo em março para abraçar as próprias candidaturas. Ao deixar claro que não há óbice para isso, elogiou o desempenho de Flávia Arruda, ministra-chefe da Articulação de Governo, que é deputada pelo PL-DF e vem enfrentando tiroteio interno no Palácio do Planalto. Flávia é alvo, sobretudo, do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. “Ela sabe fazer conta”, elogiou Bolsonaro, que deixou a celebração de aniversário de 40 anos de Bruno Bianco sem demonstrar nenhuma solidariedade aos mortos em decorrência das chuvas e do desabamento do paredão em Capitólio (MG).
Nenhum comentário:
Postar um comentário