Autor da biografia de Lula lembrou, em entrevista à TV 247, que o ex-presidente não é mais um radical, como era em 1989, mas uma pessoa que conversa com todos
247 - Em entrevista ao programa Sua Excelência, O Fato, na TV 247, o jornalista e escritor Fernando Morais disse que uma eventual 3ª posse do ex-presidente Lula (PT), se ganhar as eleições de 2022, como apontam as mais recentes pesquisas, “pode ser a coroação de uma carreira de um sujeito que na 1ª campanha para presidente da República (1989) falava em reforma agrária radical, estatização dos meios de produção e do mercado financeiro”.
Segundo o escritor, o Lula radical já não existe mais. “Esse Lula, ele veio mudando. Ele não é uma girafa que tem os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Não, ele convive com todos”, destacou. “Eu vi nas viagens dele. De noite, ele era recebido pelo Jacob Zuma, e dia tinha feito uma palestra pros sindicatos de trabalhadores da África do Sul, que queria comer o fígado do Zuma. Ele aprendeu a conviver”, continua.
“Em Londres, numas palestra paga pelos convidados, palestra aberta, o tema era: ‘qual é o milagre que o senhor realizou para tirar 40 milhões de pessoas da fome, da miséria, sem dar um tiro, sem botar uma única pessoa na cadeia, sem dar um tapa na orelha de ninguém'?", contou.
“Lula estava num café e chegou o Bono Vox, guitarrista do U2. Os dois ficaram conversando, falaram muito, até que chegou outra pessoa que o Lula teve de atender. Ele me pediu para descer com o Bono. Desci. Quando chegamos diante de jornalistas, Bono declarou para eles: ‘depois da morte de Nelson Mandela, neste planeta, só existe uma pessoa capaz de conversar com branco e com preto; com rico e com pobre; com gordo e magro'. Essa pessoa é o Lula”, narrou o escritor.
Morais é autor de ‘Lula’, biografia do operário e sindicalista que chegou à Presidência da República. Ele contou à TV 247 que o ex-presidente jamais pediu para ver “uma linha, um parágrafo” dos originais do livro que conta a sua trajetória pessoal e política. “Pouca gente acredita. Mas, o Lula não leu uma sílaba dos originais. Nenhum parágrafo, nada. Nunca pediu”, disse.
Apesar de apoiar a candidatura do petista, o escritor ressaltou que não é filiado ao PT e por isso não tem compromisso em apoiar outros candidatos do partido. Por isso, criticou quem o atacou por ter declarado apoio a Jones Manoel (PCB), que tem retórica antipetista, ao governo de Pernambuco. “É um negócio muito rasteiro, muito mixo. Começa pelo seguinte: eu não sou filiado ao PT, não tenho obrigação de seguir orientação partidária”, justificou.
Fernando Morais é autor de biografias de estrondoso sucesso, como “Chatô, o Rei do Brasil”, sobre Assis Chateaubriand, dono do primeiro grande conglomerado brasileiro de mídia, os Diários Associados; “Olga”, sobre a militante comunista Olga Benário, que foi casada com o histórico líder comunista Luiz Carlos Prestes e terminou assassinada pela ditadura de Getúlio Vargas; “O Mago”, biografia do escritor Paulo Coelho; e o livro “A Ilha”, de 1976, primeira grande incursão de um jornalista brasileiro à Cuba de Fidel Castro depois da implantação da ditadura militar no Brasil, em 1964, entre outros.
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