Leia a
íntegra da carta enviada por Jair Bolsonaro a Joe Biden, que tomou posse como
presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 20
247 - Mesmo alegando fraudes nas eleições norte-americanas, Jair Bolsonaro cumprimentou Joe Biden (Democrata), que tomou posse nesta
quarta-feira, 20, e enviou-lhe uma carta. Leia a íntegra:
Senhor Presidente,
Tenho a honra de cumprimentar Vossa
Excelência neste dia de sua posse como 46º Presidente dos Estados Unidos da
América.
O Brasil e os EUA
são as duas maiores democracias do mundo ocidental. Nossos povos estão unidos
por estreitos laços de fraternidade e pelo firme apreço às liberdades
fundamentais, ao estado de direito e à busca de prosperidade através da
liberdade.
Pessoalmente, também sou de longa data
grande admirador dos Estados Unidos e, desde que assumi a Presidência, passei a
corrigir os equivocos de governos brasileiros anteriores, que afastaram o
Brasil dos EUA, contrariando o sentimento de nossa população e os nossos
interesses comuns.
Assim, inspirados nesses valores
compartilhados, e sob o signo da confiança, nossos países têm construído uma
ampla e profunda parceria.
No campo
econômico, o Brasil, assim como os empresários de nossos dois países, tem
interesse em um abrangente acordo de livre comércio, que gere mais empregos e
investimentos e aumente a competitividade global de nossas empresas. Já temos
como base os recentes protocolos de facilitação de comércio, boas práticas
regulatórias e combate à corrupção, que certamente contribuirão para a
recuperação de nossas economias no contexto pós-pandemia. A esses acordos se
somam recente Memorando entre o Ministério da Economia do Brasil e o Eximbank,
para estimular os financiamentos de projetos, e nosso Acordo de Cooperação para
o Financiamento de projetos de Infraestrutura.
Na área de ciência e tecnologia, o
potencial de cooperação é enorme, como ficou ilustrado pelo ambicioso plano de
trabalho desenvolvido por nossa Comissão Mista e pela conclusão do Acordo de
Salvaguardas Tecnológicas, que permitirá lançamentos espaciais a partir da base
de Alcântara, no Brasil. O mesmo se aplica à área de defesa, com a conclusão de
nosso Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação.
Nas organizações econômicas
internacionais, o Brasil está pronto para continuar cooperando com os EUA para
a reforma da governança internacional. Isso se aplica, por exemplo, à OMC, onde
queremos destravar as negociações e evitar as distorções de economias que não
seguem as regras de mercado. Na OCDE, com o apoio dos EUA, o Brasil espera
poder dar contribuição mais efetiva e aumentar a representatividade da
organização. Nosso processo de acessão terá, também, impacto fundamental para
as reformas econômicas e sociais em curso em nosso país.
Estamos prontos,
ademais, a continuar nossa parceria em prol do desenvolvimento sustentável e da
proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia, com base em nosso Diálogo
Ambiental, recém-inaugurado. Noto, a propósito, que o Brasil demonstrou seu
compromisso com o Acordo de Paris com a apresentação de suas novas metas
nacionais.
Para o êxito no combate à mudança do
clima, será fundamental aprofundar o diálogo na área energética. O Brasil tem
uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e, junto com os EUA, é um dos
maiores produtores de biocombustíveis. Tendo sido escolhido país líder para o
diálogo de alto nível da ONU sobre Transição Energética, o Brasil está pronto
para aumentar a cooperação na temática das energias limpas.
Brasil e Estados Unidos coincidem na
defesa da democracia e da segurança em nosso hemisfério, atuando juntos contra
ameaças que ponham em risco conquistas democráticas em nossa região.
Adicionalmente, temos cooperado para impedir a expansão das redes criminosas e
do terrorismo, que tantos males causam a nossos países da América Latina e do
Caribe.
Necessitamos também continuar lado a lado
enfrentando as graves ameaças com que hoje se deparam a democracia e a
liberdade em todo o mundo e que se tornam mais prementes no mundo pós-Covid: o
crime organizado transnacional; as distorções ao comércio mundial e ao fluxo de
investimentos oriundas de práticas alheias ao livre mercado; e a
instrumentalização de organismos internacionais por uma agenda também contrária
à democracia.
Entendo que
interessa aos nossos países contribuir para uma ordem internacional centrada na
democracia e na liberdade, que defenda os direitos e liberdades fundamentais de
todos e, muito especialmente, de nossos cidadãos. E estamos dispostos a
trabalhar juntos para que esses valores fundamentais estejam no centro das
atenções, seja bilateralmente, seja nos foros internacionais.
É minha convicção que, juntos, temos todas
as condições para seguir aprofundando nossos vínculos e agenda de trabalho, em
favor da prosperidade e do bem-estar de nossas ações.
O Brasil alcançou sua Independência em
1822, e os EUA foram o primeiro país a nos reconhecer. Em 1824, foram
estabelecidas nossas relações diplomáticas. São dois marcos históricos cujo bicentenário,
em futuro próximo, os brasileiros queremos celebrar com nossos amigos
americanos.
Ao desejar a Vossa Excelência pleno êxito
no exercício de seu mandato, peço que aceite, Senhor Presidente, os votos de
minha mais alta estima e consideração.
JAIR BOLSONARO