“É muito gratificante poder compartilhar aquilo que a gente tem de sobra na mesa”, diz camponês acampado no estado
Alimentos
cultivados em áreas da Reforma Agrária de todas as regiões do Paraná chegaram a
pelo menos 4.375 famílias que enfrentam dificuldade de garantir comida na mesa
neste período de crise econômica pelo qual o Brasil atravessa. Foram
87,5 toneladas de alimentos partilhados em 27 cidades do estado, além de
quatro mil marmitas produzidas e distribuídas em Curitiba.
As ações
integram a campanha nacional Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
“Natal Sem Fome: Cultivando Solidariedade para Alimentar o Povo”. Ao todo, mais
de 700 toneladas serão partilhadas em todo o país até o dia 6 de janeiro de
2022. Com essa ação, o MST do Paraná chega a 882 toneladas de alimentos e 100
mil marmitas partilhadas desde o início da pandemia.
“É muito
gratificante poder compartilhar aquilo que a gente tem de sobra na mesa. Tem
muitas pessoas que às vezes não têm o alimento. Então é uma satisfação muito
grande poder colaborar e repartir”, disse o agricultor Valdivino José Nunes,
camponês que vive no acampamento Nova Aliança, localizado em Pinhão, região
Centro-sul do estado.
Valdivino
e outras centenas de camponeses acampados e assentados em áreas do MST, além de
faxinalenses e posseiros de todas a região, colheram mais de 20 toneladas de
alimentos para partilhar com a população mais carente de Pinhão, no dia 17 de
dezembro. Em Laranjeiras do Sul, foram cinco toneladas partilhadas, no dia
18.
Na região
Noroeste, 13,5 toneladas de alimentos foram partilhadas em Querência do Norte e
Paranavaí, vindas de assentamentos e acampamentos do MST de diversas cidades.
Em Querência do Norte, além dos itens já conhecidos dos kits de alimentos
doados pelo MST, como arroz, feijão, mandioca, legumes e verduras em geral, as
famílias também incluíram cerca de dois quilos de carne em cada
cesta.
De acordo
com Jaime Dutra, integrante da coordenação do MST na região, as cenas de filas
para doações de ossos em açougues incentivaram nas famílias o desejo de
partilhar também carne. “Isso provocou uma indignação e uma revolta muito
grande nas famílias da nossa comunidade”, explicou. Também houve doação de
carne suína e de frango caipira. Todo o arroz partilhado é 100% produzido pelas
famílias Sem Terra.
Cerca de
30 toneladas de alimentos da Reforma Agrária foram distribuídos na região
Norte, às famílias em situação de vulnerabilidade das cidades de Porecatu,
Florestópolis, Centenário do Sul, Ortigueira, Londrina e Rolândia, entre os
dias 17 e 22 de dezembro. No Norte Pioneiro, os alimentos foram partilhados nos
municípios de São Jerônimo da Serra e Congonhinhas.
Para
Rita, coordenadora do Coletivo Amigas de Rolândia e moradora do município, que
ajudou na organização das entregas, os alimentos chegaram em boa hora: “São
produtos de qualidade que chegam na mesa das pessoas na hora certa, pois muitas
famílias não teriam uma alimentação adequada neste Natal. Que nossos corações
sejam sempre solidários!”.
Durante a
benção das seis toneladas de alimentos distribuídos em Cascavel, na região
Oeste do estado, o reverendo Luiz Carlos Gabas, da Igreja Anglicana, enfatizou
que “Deus tem lado”, e é junto dos pobres, sofredores e excluídos. “Deus
ama os pobres e Deus estará sempre a favor dos pobres, por isso o filho de Deus
nasceu pobre, num lugar destinado aos animais, é demonstração de um Deus que
tem partido. E que estará sempre ao lado do pobre para mudar a sorte desta
humanidade, para fazer dela melhor. Por isso, nesse momento de partilha de
alimentos, quem está distribuindo os alimentos são famílias camponesas
empobrecidas, não é o agronegócio”, defendeu.
Além da
partilha em Cascavel, que ocorreu no dia 22, outras duas toneladas foram doadas
em Matelândia, São Miguel do Iguaçu e Umuarama.
Na região
Centro-oeste, famílias do MST de Jardim Alegre doaram 100 cestas em bairros
urbanos, equivalente a três toneladas, e 2,5 toneladas em Cianorte. No
Sudoeste, foram cerca de 3,5 toneladas, entregues em Clevelândia, Honório Serpa
e Palmas. A última ação ocorreu em Imbaú, com a partilha de cerca de
duas toneladas de alimentos, no dia 24 de dezembro.
Marmitas da Terra completa 100 mil refeições distribuídas
O reflexo
da crise econômica e social enfrentada pela população mais carente é flagrante
nas ruas do centro da capital paranaense. Há cada vez mais pessoas em situação
de rua, de todas as idades, inclusive crianças. Esse é o principal público
atendido pelo coletivo Marmitas de Terra, coordenado pelo MST, que desde maio
de 2021 produz e partilha quentinhas no centro e em comunidades periféricas.
Entre os
dias 22 e 23, cerca de quatro mil marmitas foram distribuídas, com as
quais o coletivo atingiu 100 mil refeições entregues desde o início da
pandemia.
O
trabalho do coletivo também ocorre aos sábados, com mutirões de plantio, manejo
e colheita de alimentos em lavouras coletivas do Assentamento Contestado, da
Lapa, em parceria com a Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA) e com
a comunidade local. A produção de alimentos das hortas é destinada para as
1.500 marmitas semanais e para as cestas de doações solidárias.
Já foram
oito toneladas de alimentos produzidos neste espaço. “Isso mostra que este
projeto é tão potente porque vai contra a hegemonia do agronegócio. Nós temos
um projeto de vida que produz respeitando todas as esferas de produção, na
relação com a natureza e com as pessoas, enxergando quem recebe o alimento como
pessoa e não como caridade”, afirmou Adriana Oliveira, integrante do MST e da
coordenação do coletivo Marmitas da Terra.
Em
Fazenda Rio Grande, região Metropolitana de Curitiba, foram entregues 125
Cestas Esperança de Natal, doadas por consumidoras e consumidores do
Produtos da Terra PR, e apoiadores da Reforma Agrária de várias localidades do
Brasil. As cestas chegaram às famílias que enfrentam a fome no bairro Suzuki,
em Fazenda Rio Grande, através da articulação entre o MST-PR e a tenda de
Umbanda Tefoy, localizada no bairro.
Saiba como ajudar quem mais precisa
A
campanha “Natal Sem Fome” também convida a sociedade em geral a se mobilizar e
contribuir com as ações, com a compra de cestas de alimentos da reforma
agrária.
Há também
como doar para a campanha nacional, que fortalecerá ações solidárias em estados
com maior demanda:
·
Caixa
Econômica
·
AG 1231
·
CC 2260-1
OP 003
·
CNPJ
11.586.301/0001-65
·
PIX campanha@institutocultivar.org.br
Fonte: BdF Paraná
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