quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Renda da população paranaense cai de forma inédita na pandemia

 


Renda do paranaense nunca esteve tão baixa desde 2012 
(Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

Bem Paraná - A pandemia do novo coronavírus impactou de maneira severa a economia paranaense, provocando uma queda importante na renda e na capacidade de compra da população. E afirmar isso nem chega a ser novidade, mas na última semana um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conseguiu mensurar o impacto econômico da crise sanitária. E os resultados, como seria de se esperar, não são nada animadores.

Os dados da “PNAD Contínua 2020: Rendimento de todas as fontes” revelam que, no ano passado, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita no Paraná foi de R$ 1.479, um pouco acima da média nacional, de R$ 1.349. Ainda assim, o resultado de 2020 representa uma redução de 4,83% na comparação com o ano anterior, quando o valor verificado foi de R$ 1.554. Trata-se, ainda, da primeira redução no rendimento per capita dos paranaenses desde o início da série histórica, em 2012.

Um dos fatores que explicam isso é a redução na proporção de pessoas que possuíam alguma fonte de renda. No ano passado, 62,4% da população residente no Paraná (7,183 milhões de pessoas) possuía alguma fonte de renda (como trabalho, aposentadoria, pensão alimentícia ou benefícios governamentais), também o menor valor para toda a série histórica (no ano passado, esse valor era de 64,1% ou 7,323 milhões de pessoas).

Além disso, também essas pessoas que possuem rendimento tiveram de, via de regra, lidar com uma queda no rendimento médio, uma vez que o valor recebido mensalmente de todas as fontes passou de R$ 2.488 em 2019 para R$ 2.368 em 2020 (redução de 4,82%, portanto).

“De 2019 para 2020 o que se verificou foi uma redução da proporção de pessoas recebendo renda de trabalho, como efeito da pandemia da Covid-19, e o aumento do recebimento de outras fontes de rendimento, sobretudo de outros rendimentos, que é a rubrica da pesquisa onde está inserido o recebimento do Auxílio Emergencial, que é um benefício que foi criado para fazer frente aos efeitos socioeconômicos da pandemia”, aponta Alessandra Scalioni Brito, analista da pesquisa do IBGE.

Efetivamente, a proporção de domicílios em que há pessoas recebendo outros programas sociais cresceu de 0,6% para 15,7% no Paraná, aumento explicado justamente pelo pagamento do Auxílio Emergencial a trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados. Também entre 2019 e 2029, a proporção de lares que recebiam o Bolsa Família caiu de 6,3% para 3,7% (redução que se deve à parte dos beneficiários do programa que passou a receber o Auxílio Emergencial), enquanto o porcentual de domicílios que recebiam o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), destinado às pessoas com deficiência e aos idosos que não têm meios para se sustentar, passou de 2,6% para 2,2%.

Desigualdade domiciliar em queda

O índice de Gini, que mede concentração de renda e desigualdade econômica, passou de 0,477 no Paraná, em 2019, para 0,462, em 2020. Quanto mais próximo de zero, maior a igualdade de renda entre a população do estado. Houve uma tendência de redução do índice entre 2012 (0,483) e 2015 (0,453), mas em 2016 voltou a crescer (0,477) e atingiu o maior valor da série em 2018 (0,492).

Entre todas as unidades da federação, apenas Santa Catarina (0,412), Rondônia, (0,439), Goiás (0,445) e Minas Gerais (0,460) apresentam maior igualdade de renda entre sua população.

Segundo Alessandra Scalioni Brito, analista da pesquisa do IBGE, a melhora no índice é reflexo, principalmente, do pagamento do Auxílio Emergencial, tanto que a metade da população com menores rendimentos teve ganhos na renda domiciliar per capita no período, enquanto a segunda metade da distribuição teve perdas. “Houve uma piora do mercado de trabalho. Muita gente perdeu ocupação, mas o Auxílio Emergencial segurou quem tinha rendas domiciliares menores. Isso tornou a distribuição de renda do país menos desigual”, explica a analista.

TABELA DOS RENDIMENTOS

Rendimento médio mensal real domiciliar per capita no Paraná
2020: R$ 1.479
2019: R$ 1.554
2018: R$ 1.515
2017: R$ 1.403
2016: R$ 1.333
2015: R$ 1.214
2014: R$ 1.186
2013: R$ 1.091
2012: R$ 999

Rendimento médio mensal real da população residente com rendimento
2020: R$ 2.368
2019: R$ 2.488
2018: R$ 2.525
2017: R$ 2.432
2016: R$ 2.399
2015: R$ 2.359
2014: R$ 2.551
2013: R$ 2.488
2012: R$ 2.404

População residente com rendimento no Paraná
2020: 62,4%
2019: 64,1%
2018: 63,5%
2017: 63,3%
2016: 62,8%
2015: 63,0%
2014: 62,7%
2013: 63,1%
2012: 63,4%

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Rendimento de todas as fontes

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