De acordo com as investigações do MP-RJ, de 2014 a 2019, o ex-PM Ronnie Lessa, que está preso e é acusado de ser um dos executores de Marielle Franco, teve renda média mensal declarada de R$ 7.095,05, porém movimentou R$ 5,7 milhões em contas bancárias suas e de "laranjas"
247 - Acusado de ser um dos executores da ex-vereadora do Rio Marielle Franco (Psol), o ex-policial militar fluminense Ronnie Lessa, que está preso desde 12 de março de 2019, teve uma nova ordem de prisão preventiva, desta vez pelo crime de lavagem de dinheiro. O Judiciário anunciou a medida nessa quinta-feira (14). De acordo com a investigação, de 2014 a 2019 ele teve renda média mensal declarada de R$ 7.095,05, porém movimentou R$ 5.729.013,40 em contas bancárias suas e de "laranjas". Lessa está preso na penitenciária federal de Campo Grande-MS. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo.
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) informou que o ex-policial adquiriu dezenas de bens, incluindo imóvel de luxo na Barra da Tijuca, outro em Angra dos Reis e mais um em Mangaratiba. Também conseguiu uma lancha de 33 pés e veículos de luxo. Parte destes bens foi ocultada em nome de "laranjas".
Segundo o MP-RJ, houve dissimulação em transações imobiliárias, com a declaração de valores menores na compra de um imóvel na Barra da Tijuca. O objetivo foi ocultar a origem suspeita de seus recursos e não despertar a atenção dos órgãos de fiscalização.
"A imputação dos delitos de 'lavagem' de dinheiro tem como crimes antecedentes aqueles supostamente praticados pelo denunciado Ronnie Lessa e outros, onde destaca-se a possível prática de crimes dolosos contra a vida, sob encomenda de terceiros e mediante pagamento", disse um trecho da decisão.
"No que diz respeito à denunciada Elaine Lessa, há indicativos de sua periculosidade e do alto grau de envolvimento nas ações criminosas lideradas por seu marido, tendo sido condenada (...) pela prática do crime de obstrução de investigações quando, ao lado de outros comparsas, providenciou a retirada de fuzis de Lessa, que estavam escondidos em um imóvel, jogando-os em seguida ao mar", complementou.
Outros alvos
A mulher de Lessa, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, que está presa, foi outra com nova ordem de prisão preventiva decretada, pelo mesmo crime de lavagem de dinheiro.
Um irmão de Lessa, Denis Lessa, e um amigo dele Alexandre Motta de Souza também são acusados de participar do esquema de lavagem de dinheiro e tiveram restrições impostas pela Justiça.
A decisão foi da 1ª Vara Especializada da Capital, a partir de denúncia feita pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Caso Marielle
Lessa foi acusado pelo MP-RJ de ser o responsável por atirar contra Marielle Franco em março de 2018. A então parlamentar foi morta pelo crime organizado, que aconteceu em um lugar sem câmeras na região central do município do Rio. O veículo onde estava o ex-policial perseguiu o carro dela por cerca de quatro quilômetros antes do assassinato.
A então vereadora era ativista de direitos humanos. Marielle denunciava a atuação de milícias em favelas do Rio e criticava a violência policial contra pobres e negros.
O ex-policial morava no mesmo condomínio de Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca (RJ). Outro ex-policial militar - Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos - dirigia o automóvel usado para o assassinato. No perfil no Facebook, ele aparece em uma foto ao lado de Jair Bolsonaro. Na foto, o rosto de Bolsonaro ficou cortado.
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