Cientista político avalia que atos convocados por Jair Bolsonaro ajudaram "a produzir unidade de atores que, até a véspera, estavam divididos naturalmente, discutindo e disputando apoio eleitoral"
247 - O cientista político Antonio Lavareda avalia que as manifestações golpistas promovidas por Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro “inauguraram uma nova conjuntura” que poderá resultar na união dos partidos de esquerda e de centro-direita visando o impeachment. “Bolsonaro fez soar a "corneta" da necessidade de unir as forças de oposição ou, se não unidade, pelo menos diminuir bastante o grau de conflito entre elas para poderem, unidas, resistirem a esse avanço do presidente”, disse Lavareda ao jornal O Estado de S. Paulo.
Para Lavareda, Bolsonaro ajudou “a produzir unidade de atores que, até a véspera, estavam divididos naturalmente, discutindo e disputando apoio eleitoral, a viabilidade de uma terceira via, etc. Ele produziu uma aglutinação de forças políticas, contribuindo para unificar as oposições que estavam naturalmente divididas pelas expectativas eleitorais”.
Segundo ele, apesar do recuo das intenções golpistas explicitado por meio de uma Carta à Nação, não é possível “imaginar que os Poderes e os políticos vão simplesmente esquecer o que passou”.
“Seu desafio pessoal será administrar sua natureza belicosa para evitar recidivas e, em direção contrária, tentar diminuir a grande frustração dos seus seguidores aos quais vendera a ideia de que a terça-feira marcaria a "segunda independência" do Brasil, mas, nesta quinta, estupefatos assistiram ao recuo espetacular do seu líder. Partidos e Judiciário vão dar tempo ao tempo. Aguardar para ver o quanto dura o "Bolsonaro amante da Constituição", observou.
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