IV Divergen reúne especialistas, professores e estudantes para discussão sobre saúde mental
Na terça-feira (21), à noite, especialistas em saúde mental, professores universitários e alunos da FAP estiveram reunidos no Salão Nobre da Prefeitura para discutir a luta antimanicomial e o tratamento humanizado na saúde mental. O encontro foi a quarta edição do Divergen (Diversidade e Gênero) e teve a organização coordenada pela professora da FAP Camilla Bolonhezi e pela secretária da Mulher Denise Canesin. As palestras e participações remotas foram transmitidas, ao vivo, pelas redes sociais da FAP.
O prefeito Junior da Femac e o secretário Municipal de Saúde Emídio Baciega falaram na abertura do encontro, dando boas-vindas aos participantes e apoio ao tema debatido. O prefeito lembrou a criação do Comitê Intersetorial de Saúde Mental, com a participação das secretarias da Saúde, da Mulher e Assuntos de Família, Educação, Esportes e Assistência Social, coordenado pela secretária Denise Canesin. “Nós temos um pensamento alinhado ao de vocês, contra a segregação da saúde mental, que passa por uma abordagem multiprofissional. Por isso criamos o Comitê Intersetorial de Saúde Mental, para uma abordagem mais holística, mais integrada, e por um atendimento mais humanizado”, disse o prefeito.
Os objetivos do Comitê Intersetorial foram ressaltados pela secretária. “Temos como norte o atendimento especializado de todas as demandas de saúde mental que forem apresentadas pelos cidadãos. Nós aumentamos o número de psicólogos presentes nas Unidades Básicas de Saúde, que são a porta de entrada do SUS. Estamos numa verdadeira força-tarefa para tornar nossa cidade exemplo de acolhimento, atendimento e tratamento em saúde mental, tanto para o paciente quanto para a família dele”, afirmou.
Retrospectiva
A convidada palestrante Lilian Domingues, enfermeira especializada em saúde mental, fez uma retrospectiva sobre a reforma psiquiátrica no Brasil, mostrando que os tratamentos do portador de sofrimento ou desordem mental foram desumanos ao longo da história. Explicou o surgimento da luta antimanicomial na Itália, nos anos 60, pelo psiquiatra Franco Basaglia, idealizador da Psiquiatria Democrática. Mostrou ainda imagens do Manicômio de Barbacena e recomendou o livro e o documentário produzidos por Daniela Arbex “Holocausto Brasileiro”.
“O caráter de exclusão dos manicômios, que isolam ao invés de integrar, que medicalizam o tratamento e reduzem o sujeito são concepções do modelo hospitalocêntrico, objeto da reforma psiquiátrica que preconiza o modelo comunitário, tratando o paciente por meio da atenção psicossocial em serviços de base comunitária”, ressaltando que o fio condutor da luta antimanicomial é a desinstitucionalização e o reforço ao cuidado integral e humanizado com um olhar biopsicossial. A apresentação foi encerrada com uma citação da psiquiatra Nise da Silveira, pioneira no tratamento humanizado em saúde mental e inspiradora da reforma psiquiátrica: “O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com a outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito.”
Os movimentos sociais da luta antimanicomial foram objeto da fala da professora Camilla Bolonhezi, que avisou sobre a 1a Conferência Popular Nacional da Saúde Mental Antimanicomial, de 9 a 12 de outubro. “Quero salientar a importância desses movimentos sociais em um momento em que as políticas de saúde mental vêm sofrendo ameaças. Defendemos o protagonismo do usuário e a defesa de seus direitos.”
Quem estiver interessado em assistir ao IV Divergen pode acessar o endereço
https://web.facebook.com/fapapuca/videos/379609587129354
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