Um espermograma apontou uma motilidade espermática entre 8% e 12%. O normal é acima de 50%. Trata-se da capacidade de os espermatozóides se moverem e fertilizarem o óvulo
247 - O andrologista Jorge Hallak, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), observou que, em pacientes homens com a Covid-19, o espermograma apontou uma motilidade espermática entre 8% e 12%. O normal é acima de 50%. Trata-se da capacidade de os espermatozóides se moverem e fertilizarem o óvulo. O nível comum desse hormônio é de 300 a 500 nanogramas por decilitro de sangue (ng/dL). Em pacientes que tiveram covid-19 esse índice chegou a variar abaixo de 200 e, muitas vezes, ficou entre 70 e 80 ng/dL. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
"Temos visto, cada vez mais, alterações prolongadas na qualidade do sêmen e dos hormônios de pacientes que tiveram COVID-19, mesmo naqueles que apresentaram quadro leve ou assintomático", disse Hallak à Agência FAPESP.
De acordo com a pesquisa, a Covid também infecta os testículos, prejudicando a capacidade das gônadas masculinas de produzir espermatozóides e hormônios.
"É muito preocupante como o novo coronavírus afeta os testículos, mesmo nos casos assintomáticos ou pouco sintomáticos da doença. Entre todos os agentes prejudiciais aos testículos que estudei até hoje, o SARS-CoV-2 parece ser muito atuante", afirmou.
"Cada patologia tem particularidades que a prática e a experiência nos demonstram. O SARS-CoV-2 tem a característica de afetar a espermatogênese de formas que estamos descobrindo agora, como motilidade progressiva persistentemente muito baixa, sem alteração da concentração espermática significativa", disse.
Segundo um estudo com 26 pacientes infectados pelo coronavírus, os pesquisadores verificaram por meio de exames de ultrassom que mais da metade deles apresentou inflamação grave no epidídimo, estrutura responsável pelo armazenamento dos espermatozóides e onde eles adquirem a capacidade de locomoção.
Os pacientes têm idade média de 33 anos e são atendidos no Hospital das Clínicas da FM-USP e no Instituto Androscience. Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), foram publicados na revista Andrology.
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