Deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, pede uma retratação pública do Santander e um posicionamento sobre a relação contratual com a consultoria que produziu o relatório de análise política que indica a articulação de possível golpe contra Lula
247 - A deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, cobrou do Santander medidas contra o relatório encaminhado a clientes sugerindo um golpe contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para impedir a sua candidatura à corrida presidencial em 2022.
A carta encaminhada à presidente da instituição financeira, Ana Botín, e ao conselho de administração do banco, diz que “o relatório ofende não apenas o ex-presidente e seu partido. Ofende a verdade e o Poder Judiciário do Brasil”.
O documento produzido por uma empresa de consultoria independente e enviado aos clientes do Santander, diz que o retorno de Lula ao poder é "uma ameaça bem mais séria" que o governo Jair Bolsonaro e que “é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula", afirma o relatório.
Hoffmann ressalta na carta que "a divulgação do documento por instituição financeira com sede em outro país revela-se ainda mais descabida pelas menções que faz à alegada conveniência de um golpe de Estado no Brasil ou de uma nova condenação política de Lula, para evitar sua eleição".
Ainda segundo ela, o relatório do Santander "estimula uma visão golpista e antidemocrática em relação ao processo eleitoral brasileiro”.
Leia a íntegra da carta enviada por Gleisi Hoffmann ao Banco Santander:
"É de conhecimento geral a divulgação pelo Banco Santander no Brasil a seus clientes, na última semana, de documento injurioso ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao fazer referência ao que chama de “máquina de corrupção do governo Lula”, tal documento ofende não apenas o ex-presidente e seu partido. Ofende a verdade e o Poder Judiciário do Brasil.
É fato de repercussão mundial que o Supremo Tribunal Federal, em julgamentos realizados em março e abril deste ano, anulou todas as condenações ilegais e injustas impostas a Lula pelo ex-juiz Sergio Moro, declarado suspeito, parcial e incompetente nas decisões do STF.
A este julgamento, que restabeleceu a inocência do ex-presidente perante a lei e a Constituição do Brasil, somam-se outras 12 decisões judiciais em diversas instâncias que o absolveram plenamente diante de denúncias sem justa causa.
Dentre estas decisões, destaca-se sentença da 12ª. Vara da Justiça Federal de Brasília, de dezembro de 2019, que absolveu Lula, ex-ministros e dirigentes do PT da falsa acusação de formação de quadrilha para desviar recursos públicos.
Além de declarar a absoluta improcedência da acusação, o juiz federal Marcus Vinícius Reis Bastos apontou na sentença: “A denúncia apresentada, em verdade, traduz tentativa de criminalizar a atividade política”.
Tais decisões judiciais, claríssimas, contrastam com a afirmação leviana e desprovida de qualquer argumento ou prova que se apresenta no documento distribuído pelo Banco Santander a seus clientes e investidores no Brasil.
A divulgação do documento por instituição financeira com sede em outro país revela-se ainda mais descabida pelas menções que faz à alegada conveniência de um golpe de Estado no Brasil ou de uma nova condenação política de Lula, para evitar sua eleição.
A manifestação pública da instituição sobre o episódio, divulgada em 13 de agosto, é totalmente insatisfatória ante a gravidade dos fatos.
Não se trata de permitir a circulação de análises, livre de censura, como alega o banco em sua manifestação. Trata-se de divulgar e revestir com sua credibilidade um texto que, além de ofensivo a uma corrente política legítima, estimula uma visão golpista e antidemocrática em relação ao processo eleitoral brasileiro.
Tais fatos, gravíssimos, cobram mais que uma retratação pública do Grupo Santander pelas ofensas a Lula e ao PT. Exigem que se posicione também sobre a relação contratual com a empresa que produziu o texto divulgado nos canais institucionais do Santander.
Sem prejuízo do atendimento à interpelação extrajudicial que estamos encaminhando à direção-executiva e ao Conselho de Administração do Banco Santander, são estes os posicionamentos que aguardamos, em respeito devido à verdade, ao nosso partido e nossos dirigentes; em respeito à Justiça e à democracia no Brasil.
Atenciosamente
Gleisi Hoffmann,
Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores"
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