terça-feira, 24 de agosto de 2021

Fábio Faria pede trégua, mas condiciona recuo de Bolsonaro a recuo do STF

 O ministro das Comunicações, Fábio Faria, sinaliza que Bolsonaro só recuará se o STF baixar a guarda. Ele acusa de maneira falsa os ministros de terem agredido Bolsonaro: "Foram várias ações do Judiciário que geraram a reação"

(Foto: Reuters | Carolina Antunes/PR)

247 - O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que a tensão entre Jair Bolsonaro e o STF foi causada por "ações e reações dos dois lados" e que agora é o momento de "recolher as armas em nome do projeto maior de país". Como a ofensiva partiu sempre de Bolsonaro, na prática ele indica que para haver uma trégua o STF deverá baixar a guarda: "Foram várias ações do Judiciário que geraram a reação", alfinetou em entrevista.

"É um momento de todo mundo ser grande nesse momento. Não só o presidente, todos precisam voltar atrás", afirmou o titular da pasta à rádio 98 FM Natal. "Foram várias ações do Judiciário que geraram a reação. Incluíram o presidente no inquérito, depois abriram um inquérito criminal contra o presidente. No outro dia, proibiram que monetizassem os sites de direita. Depois a prisão do Roberto Jefferson, depois busca e apreensão no Sérgio Reis e outros sertanejos. Todos esses movimentos fizeram com que os apoiadores do presidente ficassem cobrando dele uma resposta", disse.

Bolsonaro tentou em várias ocasiões fazer boa parte dos parlamentares do Congresso Nacional e da população acharem que as instituições estão atrapalhando a governabilidade. Uma das estratégias dele foi e continua sendo fazer críticas ao Poder Judiciário e à confiabilidade das urnas, uma espécie de preparação para uma tentativa de golpe. 

No dia 6 deste mês, Bolsonaro chamou o ministro do STF Luís Roberto Barroso de "filho da puta" e, no dia 9 de julho, disse que o magistrado é "imbecil" e "idiota"

No dia 5 de agosto, Bolsonaro ameaçou outro ministro da Corte, Alexandre de Moraes, ao dizer que "a hora dele vai chegar". O motivo foi a decisão do ministro pela inclusão de Bolsonaro no inquérito fake news por causa dos ataques sem provas à confiabilidade das urnas eletrônicas. 

No mesmo dia, o presidente do STF, Luiz Fux, cancelou uma reunião que aconteceria entre ele, Bolsonaro e os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL), respectivamente. Fux mandou um recado a Bolsonaro: "quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro"

Em outro episódio de atrito de Bolsonaro com o Judiciário, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encaminhou no dia ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra ele, acusado de divulgar informações confidenciais do inquérito da Polícia Federal que investiga um ataque hacker sofrido pelo tribunal em 2018.

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