domingo, 15 de agosto de 2021

CPI deve ter mais uma semana tensa, com acareação entre Luis Miranda e Onyx Lorenzoni

 Ministro de Bolsonaro vai encontrar com o deputado que vinculou o líder do governo na Câmara ao caso da Covaxin

Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Eduardo Maretti RBA - Se a última semana da CPI da Covid foi tumultuada – com o depoimento do líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) –, as próximas sessões podem manter a temperatura em ebulição. Os três depoimentos da semana ainda precisam ser conformados. Para quarta-feira (18), está prevista uma potencialmente explosiva acareação entre o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que em 25 de junho denunciou o suposto caso de corrupção no Ministério da Saúde que ficou conhecido como “escândalo da Covaxin”, ao qual vinculou o líder governista. Onyx acusou Miranda de se basear em documento falso.

O governo Bolsonaro acabou cancelando o negócio. A tentativa de compra da vacina Covaxin foi intermediada pela empresa Precisa Medicamentos e envolvia uma série de irregularidades. A cúpula da CPI considera uma das maiores vitórias da comissão o fato de ter barrado o desfecho do negócio.

A vez de Maximiano?

Na quinta-feira (19), os senadores pretendem ouvir justamente o empresário Francisco Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos. O empresário vem driblando a comissão e até hoje não depôs. Também conseguiu no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus para não responder perguntas que possam incriminá-lo.

A Precisa falava em nome da fabricante da Covaxin, a Bharat Biotech, para fechar o contrato suspeito de R$ 1,6 bilhão por 20 milhões de doses da vacina indiana. O negócio previa a compra de 300 mil doses por US$ 45 milhões a serem pagos antecipadamente. Cada dose custaria R$ 80, R$ 24 a mais do que o preço da Pfizer, que o governo boicotou sistematicamente. A CPI da Covid investiga possíveis vínculos de Ricardo Barros com a Precisa.

O depoimento de Barros na quinta-feira (12) foi o mais tumultuado desde a instalação da comissão em 27 de abril. Alguns senadores consideravam que o depoimento do líder governista deveria ser realizado só depois da oitiva de Maximiano. Essa visão foi expressa por Simone Tebet (MDB-MS) na terça-feira (10), logo após a oitiva do coronel Helcio Bruno de Almeida. A senadora afirmou que o depoimento seria “prematuro”. A audiência comprovou essa expectativa. Político experiente, e acompanhado da tropa de choque comandada por Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), Ricardo Barros conseguiu tumultuar a sessão.

1 a 0 para Ricardo Barros

Oposição e independentes não mostraram preparação tecnicamente capaz de desmontar a série de ardis e negativas do deputado. Ele foi acusado de mentir, a CPI apontou muitas coincidências, como o suposto elo entre Barros e Precisa, mas não comprovou cabalmente com documentos. Barros acusou a comissão  de afastar “muitas empresas interessadas em vender vacinas ao Brasil” e provocou indignação, já que é notório que o governo sabotou as vacinas, principalmente Pfizer e CoronaVac.

Atendendo a questão de ordem de Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que propôs o encerramento e nova oitiva com Barros, como convocado, e não mais convidado, o presidente Omar Aziz (PSD-AM) encerrou a sessão. Com dados ainda não disponíveis dos sigilos de Barros quebrados, a CPI deve conseguir avançar com o líder do governo. A data do novo depoimento não foi marcada.

Interesse governista

A sessão de terça-feira (17) deverá ser a mais “tranquila” da semana, com a oitiva do ex-secretário da Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo, preso no ano passado por suposto envolvimento em desvios de milhões de reais destinados ao combate à pandemia. Essa oitiva é do interesse de governistas. O requerimento para esse depoimento é do senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

A sessão de terça pode contar ainda com o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva. Depende de conversas da cúpula. Costa Silva é acusado de fazer um “estudo paralelo” apontando uma supernotificação das mortes pela covid-19 no país. O auditor é amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.

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