O presidente da CPI encerrou a sessão nesta quinta-feira para que Ricardo Barros, líder de Bolsonaro na Câmara, seja chamado para novo depoimento na condição de convocado, e não mais como convidado: "ele está convocado. E agora ele pode ir para o Supremo para não vir"
247 - Após a sessão da CPI da Covid desta quinta-feira (12) ser encerrada, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e membros de oposição concederam entrevista coletiva para falar sobre o curto depoimento do deputado federal e líder do governo Jair Bolsonaro, Ricardo Barros (PP-PR).
Aziz encerrou a sessão após questão de ordem do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) para que Barros fosse chamado novamente à comissão, mas como convocado, e não convidado.
O presidente da CPI, em fala forte, disse que a comissão perdeu o respeito por Barros e, agora, ele não terá mais a deferência de prestar depoimento na condição de convidado. "Em respeito aos parlamentares, deputados federais, nós trocamos a convocação pelo convite e esperávamos que o deputado viesse aqui com todo o respeito. O mesmo respeito que nós tivemos para com ele, trocando a convocação dele para convite, ele não teve, logo no início da CPI. Convite é uma deferência que a gente faz a quem a gente respeita. Convocação é para quem a gente perde o respeito, para quem desrespeita a comissão. É simples. No convite foi feita uma deferência ao deputado federal. E a partir do momento em que ele desrespeita o trabalho da CPI... Desde o primeiro momento ele foi alertado. Ele está convocado. E agora ele pode ir para o Supremo para não vir".
"Hoje, em pouco tempo, ficou provado que o deputado Ricardo Barros está no radar de todo mundo que vende vacina por intermediação, fora os outros crimes que ele cometeu em relação a imunização de rebanho, em relação ao negacionismo, dizendo que se imunizasse 60% da população não teria mais ninguém para se infectar", falou ainda o senador Aziz.
"Cara de pau atroz"
Randolfe Rodrigues rebateu a afirmação de Barros de que a CPI teria afastado do Brasil vendedores de vacinas: "a CPI atrapalhou sim. A CPI atrapalhou a Davati, os negócios da World Brands, um golpe de US$ 45 milhões que iriam ser dados a uma empresa que tem sede em um paraíso fiscal, a CPI atrapalhou os negócios dos quais temos elementos para indicar que o senhor Ricardo Barros estava envolvido. É de uma cara de pau atroz aqueles que fizeram defesa de imunidade de rebanho, aqueles que defenderam que todos os brasileiros se contaminassem, o próprio deputado Ricardo Barros, aqueles que negaram vacinas, a Pfizer, a CoronaVac, a Janssen, aqueles que negaram essas vacinas virem aqui falar em vacina. As vacinas do senhor Ricardo Barros, do senhor Jair Bolsonaro, eram Davati, World Brands e da Precisa".
'Mentiu sistematicamente'
O relator, Renan Calheiros, acusou o líder do governo Bolsonaro de mentir "sistematicamente" à comissão: "desde o início, o deputado líder do governo estava muito nervoso, e desde a apresentação ele mentia, mentia sistematicamente ao ponto de dizer que a CPI que impactou o Brasil, que tirou do debate essa selvageria da imunidade de rebanho, que agilizou o calendário das vacinas, que combateu a roubalheira no governo, no Ministério da Saúde, muitas delas com a participação do líder do governo e do próprio governo, porque nunca é de mais lembrar que o presidente da República fez um pedido ao primeiro-ministro da Índia para comprar 20 milhões de doses de vacina e depois foi esse mesmo presidente que falou para os irmãos Miranda que aquilo era coisa do deputado Ricardo Barros, e ainda falou: 'de novo o Ricardo Barros?'. Em nenhum momento o presidente desmentiu isso".
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