domingo, 29 de agosto de 2021

Armínio Fraga prevê que Bolsonaro dobrará aposta no golpe e pede defesa das instituições

 Ex-presidente do Banco Central também avalia que confusão permanente promovida por Jair Bolsonaro afasta investimentos da economia brasileira

Armínio Fraga e manifestação contra Bolsonaro (Foto: World Economic Forum/Benedikt von Loebell | Jornalistas Livres)

247 – O economista Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central no governo FHC e é ligado ao PSDB, aponta o desastre que será eventual golpe para implantar a ditadura bolsonarista no Brasil, em artigo publicado neste domingo, na Folha de S. Paulo. "Vivemos hoje no Brasil uma situação com essas características [do populismo autoritário]. No início, o atual governo parecia ter adotado 'apenas' uma versão da estratégia desenvolvida por Steve Bannon para Trump: atacar as defesas da democracia", pontua.

"No entanto, e infelizmente, os ataques do governo têm ido além da agenda Bannon. Hoje está em risco o sistema de pesos e contrapesos, que é parte fundamental de nossa democracia. Acusações ocas e ameaças aos demais Poderes têm sido frequentes, sobretudo ao Judiciário, e em especial à higidez do sistema eleitoral. Não parece ser o caso hoje ainda, mas mais adiante a relação com o Legislativo pode azedar também, como ocorreu recentemente", prossegue.

"Um fator adicional de tensão advém da postura do presidente com relação a armamentos e a quem os porta. A noção de armar o povo para defender a liberdade não faz sentido algum, mas vem sendo repetida. Tampouco faz sentido qualquer tolerância com a existência de grupos informais armados operando à margem da lei", escreve. "Esse quadro geral é extremamente prejudicial à economia. Em tese, não faltam oportunidades de investimento ao Brasil, da infraestrutura à educação e à saúde. Mas a incerteza encurta os horizontes e inibe o investimento", avança, apontando os riscos à economia.

"Na medida em que as defesas da democracia se mostrem eficazes, aumentará a pressão sobre o governo atual, que vem fazendo água nas pesquisas. O presidente parece disposto a dobrar a aposta, pelo visto contando com o apoio de uma minoria agressiva. No entanto, tenho convicção de que as lideranças das Forças Armadas e (espero) das polícias, além de defenderem a Constituição, entendem que estariam apoiando um projeto de desconstrução da nação", finaliza.

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