Cerca de 30% das
pessoas com problemas de saúde mental no pós-coronavírus faltaram ao
atendimento médico
O recrudescimento
do surto de Covid 19 nos seis primeiros meses de 2021 resultou em um aumento de
casos relacionados à saúde mental das pessoas de diversas faixas etárias,
necessitando de atendimento especializado em psiquiatria. Desde o início do
ano, até junho de 2021, a Autarquia Municipal de Saúde de Apucarana agendou 872
consultas eletivas junto ao Hospital Regional de Jandaia do Sul, onde seis
profissionais são credenciados para atendimento. No entanto, para surpresa
geral, 285 pacientes deixaram de comparecer nos dias e horários agendados,
correspondendo a 31% dos atendimentos previstos. A ausência dos pacientes, sem
justificativa ou informação sobre o desinteresse da consulta, prejudica o
andamento da denominada “fila de espera”.
Conforme
os números apresentados pelo Departamento de Saúde Mental da Autarquia
Municipal de Saúde, um levantamento feito no mês de julho mostrou a existência
144 pacientes aguardando o primeiro atendimento de psiquiatria. Para a
responsável pelo Departamento de Saúde Mental da AMS, terapeuta ocupacional
Karla Cristina Kisner Balan, se houvesse a comunicação prévia sobre a
desistência da consulta agendada, seria possível programar novos atendimentos e
até zerar a fila de espera. “Infelizmente esta situação foge de nosso controle,
pois após liberada a consulta, com data e horário determinados, não há como
saber se o paciente compareceu ao Hospital Regional para o atendimento”,
explica a terapeuta.
Karla
Balan lembra ainda que os agendamentos para o município de Apucarana são definidos
junto ao Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir).
Salienta a responsável pelo Departamento de Saúde Mental que os agendamentos
estão relacionados à situação do paciente, conforme informado pelo médico que
prestou o atendimento primário, na unidade básica. “Há casos que, em
determinado momento, o quadro do paciente mostra-se grave e somente o
diagnóstico do psiquiatra determinará a medicação correta. Outras
determinantes, como o apoio da família e de amigos, mudam o quadro e a situação
se resolve sem a consulta. Acreditamos que este pode ser o motivo de algumas
das ausências”, completa ela.
O
diretor-presidente da AMS, Roberto Kaneta, afirma que há uma preocupação grande
da administração municipal em prestar atendimento às pessoas com distúrbios
mentais relacionados à Covid 19. Segundo ele, não existem números precisos
sobre as implicações psiquiátricas relacionadas à epidemia, mas é possível
observar casos de depressão, transtornos de humor e ansiedade, além de sintomas
relacionados a transtornos pós traumáticos. “Todo nosso quadro de profissionais
da atenção básica juntamente com os serviços especializados estão prontos para
atender pessoas com distúrbios mentais, executando as primeiras medidas
necessárias a evitar o agravamento dos casos”, explica o diretor-presidente.
Importante
ressaltar que não apenas as consultas do departamento de saúde mental possuem
essa taxa de absenteísmo, todas as especialidades possuem uma fila de espera
significativa, principalmente após a parada de consultas no início da pandemia
de COVID19. O não comparecimento sem justificativa ou comunicação ao setor de
regulação ou as unidades de saúde do território causam prejuízos aos demais
usuários que aguardam essas consultas.
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