quinta-feira, 15 de julho de 2021

Negociação da Davati tinha dois caminhos: Elcio Franco e Roberto Dias, diz Cristiano Carvalho à CPI

 Representante da Davati, que ofereceu 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, disse aos senadores que, após pedido de propina, empresa tentou contatar o coronel Elcio Franco no Ministério da Saúde

                                                                   (Foto: Agência Senado)

Felipe Mascari, RBA - O representante de vendas da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, afirmou, nesta quinta-feira (15), que as negociações com o Ministério da Saúde tinham dois caminhos diferentes: um por meio do então diretor de Logística, Roberto Dias, e outro com ex-secretário-executivo da pasta, o coronel Elcio Franco.

Em depoimento à CPI da Covid, o vendedor da Davati Medical Supply no Brasil explicou que, além de diferentes negociações, em ambos os caminhos havia intermediadores. Segundo ele, Elcio Franco era representado pelo coronel Helcio Bruno, do Instituto Força Brasil – organização social que defende o tratamento precoce nas redes sociais. Já Roberto Dias era ligado ao coronel da reserva Marcelo Blanco, ex-assessor na pasta da Saúde.

“Havia dois caminhos no Ministério da Saúde: pelo Roberto Dias e outro pelo Élcio Franco. No do Dias, havia o comissionamento, por conta do grupo do coronel Blanco”, explicou Cristiano à CPI da Covid.

Na avaliação do vendedor, a negociação com Dias e Blanco não avançou por conta do pedido de propina. No caso do Elcio Franco, em 12 de março, ele acredita que as tratativas foram interrompidas porque o secretário-executivo foi exonerado. Ele afirmou que, após o pedido de propina, a Davati tentou contatar Elcio Franco para “driblar” Roberto Dias.

Pedido de propina

Mais cedo, o depoente disse aos senadores que o pedido de propina relativo à compra da vacina da Astrazeneca partiu do “grupo do coronel Blanco”. O tenente-coronel Marcelo Blanco, então assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, esteve presente no jantar com o então diretor de Logística, Roberto Dias, que teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que, apesar de não ter sido concluída a negociação, o pedido de propina é um fato. “Sentar em um bar, num bate papo, fazer negociação de 400 milhões de doses de vacinas. Tudo muito estranho”, criticou ela.

Já o senador Humberto Costa (PT-PE) destacou que, em meio à pandemia, o Ministério da Saúde foi governado a base das trapalhadas. “Além disso, havia um esquema de corrupção utilizando insumos importantes na pandemia, como a venda de vacinas. O governo, diante de uma empresa sem credibilidade, negociou vacinas. O Brasil é governado por pessoas despreparadas que não conseguem distinguir a Pfizer e a Davati”, lamentou.

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