sexta-feira, 23 de julho de 2021

Bolsonaro volta a defender voto impresso e diz que eleição é "questão de segurança nacional"

 "Tem que haver eleição, tem que haver voto, mas eleição transparente, não queremos desconfiança", afirmou

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que tem de haver eleições no país, mas que o processo precisa ser transparente e que não haja desconfiança quanto à lisura do resultado, ao defender novamente a adoção do voto impresso e alegar que está se antecipando a problemas.

"Eu passo a faixa para qualquer um sem problema nenhum em eleições limpas. Sempre aprendi que a democracia não tem preço, gaste o que for necessário", disse ele, em sua tradicional transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais.

"Tem que haver eleição, tem que haver voto, mas eleição transparente, não queremos desconfiança", acrescentou.

Bolsonaro tem afirmado, sem apresentar provas, que o sistema de urna eletrônica --pelo qual se elegeu não só presidente, mas vereador e deputado federal por várias vezes-- é sujeito a fraudes.

    Ao contrário do que ele afirma, no entanto, o sistema eletrônico de votação é auditável e, desde a implementação da urna eletrônica em 1996, nunca foi comprovada uma fraude realizada em todas as eleições feitas desde então.


Ao atacar a urna eletrônica recentemente, Bolsonaro chegou a afirmar que não haveria eleição em 2022 se o voto impresso não fosse aprovado pelo Congresso Nacional, o que gerou fortes reações no Judiciário e no Legislativo, levando Bolsonaro a baixar o tom.

Na transmissão pelas redes sociais, Bolsonaro não comentou sobre o caso, relatado em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, em que o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, teria feito chegar ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ameaças de que não haveria eleição no ano que vem sem a aprovação da proposta de voto impresso que tramita na Casa.

Bolsonaro disse apenas que endossava a nota do ministro da Defesa, que negou os relatos da ameaça, embora tenha reafirmado a defesa de uma discussão do voto impresso.

O presidente, no entanto, destacou que as eleições são uma questão de segurança nacional e que a não utilização do voto impresso pode gerar problemas caso sejam alegadas fraudes.

"Quando vejo algumas autoridades tuitarem que isso é uma questão política, certas outras pessoas não devem se meter nisso... isso é uma questão de segurança nacional. Eleições são uma questão de segurança nacional", disse.

"Se porventura eu disputar eleições e a esquerda falar que houve fraude, pode e vai ter problemas", afirmou. "A gente quer evitar isso aí, queremos nos antecipar a problemas".

O presidente fez novamente críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de ter ido para "dentro do Parlamento" se reunir com lideranças políticas a fim de defender o atual sistema de votação.

O projeto de adoção do voto impresso pelas urnas eletrônicas tem sofrido resistências na Câmara, inclusive de partidos aliados ao presidente.

"Queremos que o sistema eletrônico de votação seja realmente confiável e que ninguém tenha dúvida do resultado final", disse Bolsonaro.

Sem provas, Bolsonaro também insinuou que tiraram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da cadeia e o tornaram elegível para virar presidente, e citou pesquisas de intenção de voto que apontam a liderança do petista na corrida ao Palácio do Planalto no próximo ano.

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